Em grupo, terapia resgata memória da infância e leva o inconsciente para bonecas
Um baú cheio de bonecas, tecidos, linhas e pedraria. O que parece brinquedo é a última etapa de um método terapêutico que busca nos sentidos e na memória, resgatar a essência que ficou na infância. O Lado B foi conversar com uma tatadramista, para entender o que é e o efeito dele em nossa vida.
Criado pela psicóloga Elisete Leite Garcia, o "Tatadrama" trabalha com bonecas de pano e mistura duas teorias: Psicodrama e a teoria de Reich. Na prática, o método é na maioria das vezes aplicado em grupo, com um tema específico.
"O Tatadrama é montado por objetivos, onde você trabalha foco e meta. Então dentro de um objetivo, se forma um grupo de acordo com o interesse daquela pessoa", explica a tatadramista Adriane Rita Lobo, de 51 anos.
Composto por várias etapas, o Tatadrama leva, geralmente, um dia todo para ter seu ciclo finalizado. Começando pelo aquecimento emocional e corporal. "Trabalhamos os cinco sentidos, porque as pessoas ultimamente não tem prestado atenção naquilo que sente", observa a especialista.
Olfato, audição, tato, visão e paladar são redescobertos em grupo a partir de cheiros, sons e sabores que vão nos levar a uma viagem. Entre os cheirinhos que saem de dentro do baú, estão canela e sabores, pipoquinha, pão de queijo, bolo de fubá e por aí vai...
"Eles despertam a memória da infância. Trabalhamos com a degustação de alimentos e tudo o que pode trazer de volta, por isso é lúdico, mas não tem o objetivo de trabalhar a infância e sim de resgatar o potencial", diferencia Adriane.
E por que se volta lá atrás para lidar com o hoje? A tatadramista explica que nós, seres humanos, vamos perdendo nossa essência a medida em que nos desenvolvemos. "O que é mais puro no ser humano? É a criança. A gente busca então essa memória, porque a pele guarda. Ela não está só aqui na cabeça", frisa.
Em contato com as emoções, o Tatadrama vai trabalhar o resgate destes sentimentos e trazê-los para a customização das bonecas. "Depois de tudo isso, apresentamos o boneco, onde você pode moldá-lo", explica.
Um exemplo é a própria boneca feita por Adriane. A primeira que ela fez estava grávida e com uma flor roxa nos cabelos. "Significava que eu estava gestando uma outra coisa na minha vida, tinha me separado, acabado de nascer minha filha", recorda.
Hoje, dois anos depois, a boneca é outra, porque Adriane também já não é mais a mesma pessoa. "Fiz uma negra, obviamente, que fala sobre a minha liberdade, a minha negritude e representa a minha força enquanto mulher e profissional", diz.
Nas bonecas, o público vai colocar seu inconsciente, projetos e metas. "O que você não consegue identificar na sua fala, no dia a dia. Por isso tem todo este processo: nos aprofundamos nas emoções e depois as bonecas são apresentadas", narra a tatadramista.
Pela customização, é possível tirar histórias, metas e objetivos. "É o que chamamos de objeto transacional, que fica entre você, seu inconsciente e o mundo", comenta.
E como o método pode contribuir para que nos tornemos pessoas melhores?
"A partir do momento que você se reconhece, enquanto pessoa, suas potencialidades e desejos, sua essência, você consegue agir espontaneamente. Nós nascemos assim, espontâneos e criativos, o que nos travou foi a sociedade. E quando nos reconhecemos como ser humano, se estamos bem, nos relacionamos melhor", ressalta Adriane.
No encerramento, a boneca é apresentada em forma de teatro e o participante vai dar voz e criar um contexto para narrar sua história. "Ali fazemos as interferências necessárias para trazer a consciência, senão fica só uma brincadeira de boneca. Então, entramos com a interferência psicoterapêutica, para trazer para a ação e levar para a vida", frisa.
Para acompanhar a agenda da tatadramista, os interessados podem entrar em contato com Adriane pelo celular: 99266-9449.
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