Em hospital, Luiz dá lição de bom humor até para os mais pessimistas
Na Semana do Bom Humor, ele e outras pessoas falam como é possível conquistar bom humor dentro de um ambiente hospitalar.
“A alegria é a comunicação mais bem-sucedida”, explica Wellington Nogueira, criador do Doutores da Alegria, durante palestra no Hospital Universitário, em Campo Grande, na tarde de ontem (8). Na “Semana do Bom Humor” desenvolvida dentro da unidade hospitalar ele foi uma das atrações da programação. Mas do outro lado da história, os pacientes e familiares, também ensinam de maneira muito simples, que o bom humor é capaz de existir até mesmo nas situações mais difíceis, como forma de amenizar a dor e despertar a esperança.
A lição inspiradora sobre bom humor também vem das crianças. Em meio a uma doença rara, que não tem cura e traz limitações, seria mais fácil perder o otimismo e dar espaço para as lamentações. Mas não é o que acontece com Luiz Otávio Vargas, de 11 anos. “A vida não é só ficar na cama chorando, você pode sair dessa, andando ou não, para ser feliz”, afirma, com uma certeza de dar inveja nos mais pessimistas.
Não à toa, o menino “confiante”, como se descreve, é conhecido no hospital por levar o bom humor a funcionários e outras crianças com doenças raras e que são atendidas. “Eu fiz uma cirurgia em que fiquei com medo, mas quando o pessoal me apoiou e sorriu pra mim, eu fiquei feliz. Dá pra sorrir dentro do hospital, a gente só precisar querer fazer o outro feliz”, ensina.
Luiz faz parte do grupo de pessoas com mucopolissacaridose, uma doença metabólica hereditária, causada por erros inatos do metabolismo que levam à falta de funcionamento adequado de determinadas enzimas, que são substâncias que participam de muitas reações químicas no organismo, garantindo a saúde.
Os sintomas variam de acordo com a idade do paciente, com o tipo de mucopolissacaridose e com a gravidade da doença. Luiz, por exemplo, teve alterações da face, deformidades ósseas, insuficiências cardíacas e atraso no crescimento. Mas nenhum sintoma é capaz de segurar o menino e nem causar choro. “Eu não fico triste, porque eu sempre usei do bom humor para ser confiante. É claro que existem dores, dificuldades, mas eu sei que consigo superar isso”.
Luiz leva uma vida normal. Vai para escola, faz natação, brinca, ama joguinhos e diversão com a família. Na visão dele, as pessoas só precisam de esperança e isso também pode ser oferecida pelo outro. “Precisamos incentivar. Por isso, o trabalho do Doutores Alegria é muito importante”, diz.
“Se as pessoas soubessem o segredo de um sorriso, seria mais fácil sorrir do que chorar dentro do hospital”, diz a diarista Neide do Carmo, de 56 anos. Ele acompanha a irmã diagnosticada há 30 dias com câncer de mama e que está internada para uma cirurgia. O diagnóstico caiu como uma bomba na vida da irmã, mas a esperança depositada dentro da unidade hospitalar fez a diferença horas antes do procedimento cirúrgico.
“As vezes acha que é impossível rir em meio a uma tragédia ou pelo menos não chorar. A notícia do câncer abalou muito a família, e muito mais a minha irmã. Quando estávamos nos preparando e os funcionários todos sorrindo pra ela, dizendo frases motivadoras, aquilo fez ela se sentir mais forte, com a certeza que daria conta de enfrentar as dores”.
Para Neide o sorriso transforma e só ele é capaz de trazer o bom humor. “Ele substitui muitas palavras. Se alguém não quer conversar tanto, apenas sorria, que provavelmente a pessoa vai devolver o sorriso naturalmente”.
Enquanto esperava a irmã sair da cirurgia, Neide andava pelo hospital sorrindo para outros pacientes e familiares. A resposta vinha em sorriso ou ‘boa tarde’. “Isso parece tão pequeno, mas é tão significativo”.
Foi por acreditar na diferença que o bom humor faz que Jeane Nunes, de 55 anos, abandonou anos de trabalho em um escritório de advocacia para divertir crianças pela cidade. Ontem, pela primeira vez, ela desenvolveu uma ação dentro do hospital. “Fui convidada por uma empresa para fazer escultura de balões e dar aos pacientes. No primeiro momento fiquei em dúvida se em um ambiente como esses as pessoas ficariam confortáveis, mas foi incrível”, conta.
A cada balão entregue, um sorriso e um obrigado. “Acalma o coração sorrir e isso é o que desperta o bom humor, a vontade de se recuperar e sair da situação. Isso pra mim foi transformador”.
A programação continua nesta quarta e quinta-feira para funcionários e acompanhantes de pacientes no hospital.
Dia 09/10
6h: Brincadeiras para crianças na tenda divertida (em frente à Capela)
8h às 16h: Tenda divertida com jogos de mesa (em frente à Capela), para crianças e adultos
9h: Palestra “O Poder da Ação”, com Daiane Padovan, dentro da Semana Interna de Prevenção Acidentes de Trabalho (Sipat), no auditório do LAC, na UFMS
12h: Brincadeiras para crianças na tenda divertida (em frente à Capela)
14h: Contação de histórias e cineminha na Pediatria
15h: Grupo de massagem (em frente à Capela)
15h: Cine Saúde e Alegria (sessão de cinema), com distribuição de pipoca e refrigerante, mais debate sobre o filme (no auditório da GEP)
16h: Apresentação do Coral Feminino (em diversos setores do Humap)
Dia 10/10:
6h: Brincadeiras para crianças na tenda divertida (em frente à Capela)
8h: Tenda divertida com jogos de mesa (em frente à Capela), para crianças e adultos
8h30: Concurso de piadas e paródias e sorteio de cesta de guloseimas da Sipat (no auditório do LAC, na UFMS)
9h às 11h: Distribuição de balões com a palhacinha do Sicredi (em frente à Capela)
12h: Brincadeiras para crianças na tenda divertida (em frente à Capela)
14h às 16h: Distribuição de balões com a palhacinha do Sicredi (em frente à Capela)
14h30: Final do Campeonato de Peteca