Família vai virar o ano em carro na BR para fugir dos fogos que assustam Maria
Faz cinco anos que o Réveillon de Marilene e Renato se tornou "caseiro", depois da chegada dos cachorros na família. A preocupação é tamanha com o bem estar deles, que os donos não saem na tentativa de acalmar os bichinhos que sofrem com o barulho de fogos na virada. Dos três que moram na residência, a vira-latinha Maria é a que mais exige cuidados. Depois dela sofrer um AVC neste mês, Marilene decidiu que vai para a rodovia, fugindo dos fogos que assustam a cadelinha.
"Ela tem muito medo e agora que ficou doente, pode dar um negócio nela. Quando começam os fogos, ela fica tremendo, então é melhor a gente sair para ela não ouvir", explica a dona de casa Marilene Boeira de Oliveira Costa, de 62 anos.
O apego aos bichinhos justifica qualquer escolha da família e para eles, não é sacrifício abrir mão do jantar e do brinde, por exemplo, em prol do bem estar dos pets. "Depois que filho casa, vai embora para estudar, a gente se apega. Eles ficam sendo companhia e isso de fogos, é só para judiar deles", reclama Marilene.
Dia desses, um raio caiu próximo à casa e foi o suficiente para assustar Maria. Recém recuperada de um AVC, ela ainda toma medicamentos e está indo ao veterinário com frequência. "Já me disseram que ela não vai ficar 100%. A gente sempre enrolava eles em cobertores, ficava em casa com eles no colo. É bem complicado. Se a gente já assusta, imagina os cachorros?", compara.
O amor à Maria vai fazer Marilene e o marido Renato, saírem de casa por volta das 10h da noite do dia 31 e voltar só por volta das 2h da manhã. Como eles moram em Ponta Porã, já estudaram até o roteiro: vão seguir em direção ao município de Antônio João. "Vou fazer um tereré e a gente vai andando na BR. Ela não é uma estrada muito movimentada, então creio que vai dar certo. Ela é a nossa companheirinha", descreve a dona.
E quem não tem a mesma opção do casal, pode procurar por florais. Médica veterinária, terapeuta floral, mãe, videomaker e dona de três cachorros, Mariana Mirault, é quem faz a sugestão. "As essências florais tratam emoções, tais como medo, trauma, impaciência, tristeza e pensamentos repetitivos. O que ele faz é mudar a frequência vibratória dessas emoções", explica.
A receita é fácil: basta pedir em uma farmácia de manipulação de confiança, os florais: Rescue Remedy ou Primeiro Chacra e manipular em glicerina a 30%. "Pingue 10 gotas de cada na água de beber dos animais diariamente. Não tem importância se outros animais tomarem da mesma água", indica. "Além disso, dê quatro gotas, quatro vezes ao dia de cada um dos florais até a semana seguinte ao Réveillon", completa.
Para animais mais medrosos, a veterinária indica aumentar a frequência no dia 31 e também dia 1º, de hora em hora. Na Farmácia Vide e Vida, o Lado B pesquisou e os preços saem a partir de R$ 30,00.
"Os animais têm uma audição maior que a nossa, então os fogos de artifício que já são altos para nós, para eles são muito mais", explica Mariana.
O grande problema está nos bichinhos propensos a terem crises de epilepsia e o barulhos podem vir a desencadeá-las. "Neste período uma grande quantidade de animais foge ou morre enforcado quando são deixados presos em cordas e correntes", alerta.
Os gatos, por sua vez, têm um comportamento de se esconderem, mas também podem fugir e passar dias desaparecidos. "O ideal é deixar alguém cuidando dos seus pets nesses dias de festa. Pessoas confiáveis que terão o cuidado de não deixá-los fugir", sugere.
Caso não seja possível ter alguém em casa, é melhor deixar os pets que tenham muito medo ou propensão à epilepsia, em uma clínica veterinária que tenha um profissional de plantão.
Fora do Brasil existem coletes que acalmam os cães e podem ser substituídos por faixas ao redor do corpo, que simulam o efeito. "A ideia é que fiquem apertados como se estivessem sendo abraçados. Para alguns animais funciona, para outros não", atenta a veterinária.
Outra coisa importante é falar com eles com a voz firme. "Dizer 'coitadinho' quando os fogos estourarem faz com que os cães se sintam desprotegidos. E baixar o tom de voz assim mostra que o humano é fraco", explica Mariana. O ideal é fazer festa quando os fogos estourarem, mostrando que está tudo bem e claro, não deixar de colocar o nome do bichinho e os contatos do dono na coleira, para o caso deles fugirem, quem encontrar saber de onde é.
Todo cuidado é pouco nestas horas com quem nos faz companhia o ano inteiro.
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