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Há 36 anos correndo diferente, Diane virou exemplo e rosto conhecido na cidade

Quem já viu Diane correndo por aí?

Thailla Torres | 26/01/2017 06:05
Diane corre todos os dias às 5h20 por prazer em manter uma vida saudável. (Foto: André Bittar)
Diane corre todos os dias às 5h20 por prazer em manter uma vida saudável. (Foto: André Bittar)

Muita gente já se perguntou quem é a mulher que corre pela cidade com a mesma determinação todos os dias e há anos. Com passos mais reduzidos, o jeito que Diane Six, de 54 anos, se exercita é semelhante a modalidade marcha atlética, por isso não há quem passe e não a marque na memória.

Ela diz que apenas corre de um jeito mais lento, de acordo com o que o corpo foi se adaptando. Por muito tempo, fazia o caminho pela Avenida Afonso Pena e Parque das Nações Indígenas, hoje é um rosto conhecido na Praça Belmar Fidalgo e diariamente serve de inspiração para quem vê Diane cheia de vida correndo antes do sol nascer. 

São 5h20 da manhã quando ela dá os primeiros passos na areia. Atualmente, por conta de uma lesão no joelho, Diane precisou diminuir o ritmo e deixar de lado o asfalto para evitar o impacto. Com uma série de exercícios para trabalhar a musculatura, ela corre todos os dias, faça chuva ou sol. É o mesmo ritmo há 36 anos.

Diane diz que ama o Brasil e jamais pensa em deixar Campo Grande. (Foto: Alcides Neto)
Diane diz que ama o Brasil e jamais pensa em deixar Campo Grande. (Foto: Alcides Neto)

"Não tenho o interesse de participar de corridas e nem de ir rápido, para ficar olhando o meu tempo. Ali é uma hora de puro prazer, que eu não dou para ninguém, nem para os meus filhos, é uma hora só minha", afirma.

A escolha pela corrida começou aos 18 anos, quando Diane engordou muito diante de uma vida sedentária. "Eu fui uma adolescente  gordinha e não fazia nada de exercício. Um dia comecei a correr pra ver se eu emagrecia e nunca mais parei. As vezes você começa por necessidade, mas de repente fica prazeroso". 

Diane é francesa e chegou ao Brasil com 14 anos, quando o pai engenheiro químico foi transferido para o País. Acostumada com o clima frio, o calor brasileiro foi um dos primeiros encantos da família. Depois de formada em Microbiologia nos Estados Unidos, ela retornou ao Brasil onde se apaixonou, casou e veio viver com a família no Mato Grosso do Sul. 

"Tudo foi graças ao meu casamento, ele é de uma família francesa, mas quando casei estava em São Paulo. Mas ele é agrônomo e por conta dos estudos dos filhos, precisamos vir para Campo Grande", conta. 

Naquele tempo Diane já corria, na fazenda mantinha o percurso de 20km por dia e na cidade passou a fazer parte do vai e vem das avenidas. A Afonso Pena é o lugar que durante muito tempo Diane foi vista. Por conta da pontualidade no horário, quem ia para o trabalho, ao ver Diane, até sabia se estava atrasado ou não. E mais do que isso, a corredora virou motivo de curiosidade, e já perdeu as contas de quantas vezes foi questionada.

"É o tempo todo, elas param, perguntam de como eu consigo ou porque corro desse jeito. No supermercado, na padaria e no próprio Belmar Fidalgo. Já acostumei", ri.

Além da satisfação, clima da cidade sempre agradou a corredora ao praticar exercícios. (Foto: André Bittar)
Além da satisfação, clima da cidade sempre agradou a corredora ao praticar exercícios. (Foto: André Bittar)

Mas independente do jeito, o que Diane enxerga na corrida, é motivação. "É por conta de todos os benefícios e um monte de coisas boas. Eu por exemplo, não era uma pessoa persistente e hoje estou. Dá aquela vontade de começar as coisas e terminar", justifica. 

Dentro de casa, os anos de corrida, fizeram mudar o modo de vida da família para melhor. "É claro que eu emagreci, mas passei a ter um olhar diferente na alimentação. Correndo é natural criar resistência e rejeitar certas coisas que não fazem bem para a saúde", conta. 

No início, ela admite as dificuldades, mas com persistência veio a mudança de hábitos. "No começo era 100 metros só. Depois fu aumentando o ritmo. Com isso, fui inserindo tudo que fazia bem na nossa vida. Em casa praticamente não se usa óleo e tem muito mais verduras, frutas, sempre buscando uma vida saudável", diz.

Já a escolha do horário tem sentido na temperatura. "É por conta do clima. Eu também funciono melhor de manhã. Mas basta querer e achar um horário bom", ensina.

Reflexo dos anos de caminhada, Diane comemora uma vida saudável aos 54 anos. "Do dia que comecei a correr, nunca mais tive infecção de garganta e nem febre. Antibiótico foi só quando os filhos nasceram de parto normal. Meu único problema foi o joelho, mas que já estou tratando. O ano que eu tenho um resfriado fico até brava. Mas nunca fico doente".

E para quem coloca obstáculos a frente da vontade de praticar exercícios, Diane ensina que o primeiro passo é aprender a lidar com a dor e ter a certeza de que ela sempre passa. "Tem que dar tempo ao tempo. Saber que no dia seguinte vai ter dor no músculo e com o tempo essa dor passa, depois disso vem o prazer e você vai começar a produzir hormônios que te dão esse prazer e sua vida vai mudar para melhor", ensina.

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