Homens permaneceram 4 horas com barriga para virarem pais antes mesmo do parto
Entre os homens, um relato constante é a dificuldade de sentir a paternidade ainda durante a gestação. Eles demoram para entrar no clima, o que pode comprometer até o envolvimento com as tarefas que um bebê em casa exige. Por isso, um curso mensal ensina como ficar longe dos medos nessa nova etapa de uma família.
“O projeto é sempre uma roda de conversa com profissionais, falando de assuntos que a maioria já sabe, mas acumula uma série de dúvidas e inseguranças. Tanto na parte física dos cuidados com a crianças, até da parte emocional de relacionamento entre pai e mãe durante a gestação”, explica a ginecologista e obstetra Maria Auxiliadora Budib.
Para entender as mudanças do corpo durante a gravidez, no curso os homens usam colete que simula uma barriga com bebê e também tem o peso dos seios.
“É para entender que o corpo produz leite, começa a ganha curvas maiores e a barriga pesa. E muitos pais que não sabem lidar com isso, simplesmente não conseguem se posicionar diante dessa criança”, explica a médica.
O curso também aborda temas do ponto de vista emocional, para que os casais saibam lidar com as diferenças durante uma gravidez. “A criança é a fonte que une e não a que separa. A ideia é que sejam parceiros na gravidez, independente se são casados ou solteiros, mas que os dois participem da gestação”.
A maior insegurança, segundo a médica, é a perda da atenção. “Do ponto de vista psicológico, o homem que acha que vai perder o amor dela. Mas hoje as coisas estão melhorando, quem define a paternidade ou maternidade é o casal, cada vez mais mulheres entram para o mercado de trabalho depois do nascimento e o homem que passa o primeiro ano de vida com a criança em casa”.
Durante a conversa, são ensinadas também diferenças de anestesia, os casais discutem o medo parto e cuidados necessários assim que o bebê nasce. Usando bonecos, acessórios e seios de crochê, eles aprendem sobre amamentação, banho e até o choro.
“Eles querem saber o jeito de pegar corretamente, amamentação, os momentos em que o bebê chora, os primeiros cuidados na hora de um banho, sobre visita e quarto. Também na amamentação usamos os seios de crochê para ensinar sobre os diferentes tipos de mamilos na hora de amamentar”, explica a enfermeira, Simone Pereira de Oliveira.
Ali, a maioria dos casais é de pais de primeira viagem. Thiago Rodrigues e Suelen Rodrigues, ambos de 29 anos, agora comemoram a notícia que serão pais de gêmeos. Mas ele não nega o medo quando diante da surpresa. “Fiquei 15 dias sem dormir direito e acordava receoso. Foi só depois de um tempo pra me acalmar,” conta Thiago.
Para eles, o curso trouxe calma para a espera do nascimento dos filhos. “A gente que é pai pela primeira vez acaba vendo que tudo é só prática mesmo. Sentar com aquela barriga, levantar e fazer as coisas não é fácil mesmo. Mas agora as dúvidas foram esclarecidas, principalmente, sobre os cuidados quando eles nascerem”, afirma.
Já o militar Isaias de Arruda Sousa Filho, 37, diz que gostou de sentir, mesmo por algumas horas, o que a esposa sente durante a gestação. “Foi bacana ter um olhar diferente. Esse foi o segundo curso que fizemos e, por mais que a gente pesquise o tempo todo, na prática é tudo mais difícil, então é só vivenciando para saber”, afirma.
A médica ressalta que o casal precisa estar em sintonia e compreender que o nascimento do bebê é uma nova fase na vida dos dois. “A gente entente que a gestação nem sempre é algo fácil, mas se fosse, não seria trabalho de parto e sim um lazer.Todas as gestações são diferentes, conheço mães de quatro filhos e nenhuma gestação foi semelhante. Por isso, é cada ser humano na sua singularidade”, explica.
Depois do curso há um acompanhamento nutricional oferecido em duas etapas. Durante a gestação e até os dois primeiros meses após o nascimeno, com orientações sobre alimentação para prevenir doenças como diabetes e a hipertensão gestacional.
O curso acontece mensalmente na sede da Cassems e é gratuito. A próxima data será no dia 25 de março.
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