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Faz Bem!

Irmã salvou Marisangela da morte e história agora serve para inspirar doações

Para sensibilizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos, um workshop será realizado hoje na Santa Casa

Thailla Torres | 26/09/2019 09:34
Marisangela está feliz e saudável depois de ganhar um rim da irmã. (Foto: Kísie Ainoã)
Marisangela está feliz e saudável depois de ganhar um rim da irmã. (Foto: Kísie Ainoã)

Em 2016, tudo caminhava bem na rotina da cabelereira Marisangela Lima Rosa Oliveira até receber um difícil diagnóstico: insuficiência renal crônica. A vida pessoal e profissional virou de cabeça para baixo e os dias foram ainda mais difíceis com um tratamento que exige muito do paciente.

A certeza da qualidade de vida só tinha uma resposta, o transplante. Diferente da história de muitos pacientes que passam anos na fila à espera de um doador, Marisangela teve sorte. Em um ano de tratamento se viu na sala de cirurgia para receber um rim doado pela própria irmã, 100% compatível. “Ele transformou a minha vida para sempre”, descreve.

A cabeleira descreve com difícil a sobrevivência através de uma máquina durante as sessões diárias de hemodiálise enquanto o transplante não vem. Para quem não tem doador, a espera é ainda mais angustiante. Hoje ela é uma defensora da doação de órgãos. Seja em vida ou de pessoas que tiveram morte encefálica, por isso, acredita que é necessário informação para que os números de transplantes aumentem.

“Ter uma vida totalmente ativa e da noite para o dia se ver dependendo de uma máquina não é fácil. Minha vida parou totalmente, minha autoestima foi lá em baixo, minha saúde parecia não dar conta. Quando minha irmã e minha tia se dispuseram a doar, aquilo me emocionou muito”, lembra.

Marisangela e a irmã antes da cirurgia. (Foto: Arquivo Pessoal)
Marisangela e a irmã antes da cirurgia. (Foto: Arquivo Pessoal)

A tia de Marisangela foi 50% compatível e a irmã 100%. “Quando soube que daria certo a cirurgia, foi mágico. O transplante é mágico, não há palavras para definir. Quando eu cheguei na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e escutei que a cirurgia deu certo, foi como se eu tivesse renascido”.

Seja um doador - Para sensibilizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos, um workshop será realizado hoje (26), a partir das 8h, na Santa Casa de Campo Grande.

Coordenado pela Organização à Procura de Órgãos (OPO), o workshop reúne profissionais de saúde na Santa Casa, com a participação da especialista em captação, doação e transplante de órgãos e tecidos, além de ganhadora do Prêmio Profissional de Destaque em Doação de Órgãos do Ministério da Saúde, Tereza de Liseux Rocha Ferro, que ministrará a palestra “Comunicação de más notícias – um olhar humanizado”.

Identificação de pacientes em provável morte encefálica, desafios da logística no transporte aéreo de equipes no Mato Grosso do Sul, humanização, organização de procura de órgãos na Santa Casa e depoimentos de transplantados são temas abordados no workshop.

O objetivo das palestras é informar, uma vez que se houvesse uma conscientização maior por parte das famílias que têm entes com morte encefálica, mais transplantes poderiam ser realizados.

“A doação de órgãos é fundamental para que ocorra o transplante. Mas ainda temos dificuldade de as pessoas entenderem que só existe transplante se houver a doação. Muitas vezes isso não acontece por uma diversidade de fatores”, destacou Tereza.

Falta de informação, apego à matéria, emocional abalado no momento de dor, são alguns dos motivos que levam familiares a dizer não quando o assunto é doação de órgãos. “É preciso uma equipe bem preparada para dar segurança a essa família e garantir que uma maior probabilidade de ela topar a doação. E isso começa com as primeiras informações sobre o estado do paciente, por isso, humanização é importante”, afirma a especialista.

A fila nacional de transplantes é muito grande e o nível de conscientização ainda é muito baixo. “Quanto mais informação a família tiver, melhor, assim ela vai se sentir mais confortável, enxergar a importância da doação e perceber que é possível salvar uma vida”.

Irmãs subiram Morro do Ernesto dias antes do transplante.
Irmãs subiram Morro do Ernesto dias antes do transplante.
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