Sem "botar muita fé", Giovanna acabou levando o título de Miss Plus Size
Ela nunca teve problemas com o corpo e reclama que não encontra cropped no mercado plus size
Com um sorriso encantador e meiguice evidente logo no primeiro contato, Giovanna Gabrielle Franco Taveira, de 22 anos, realizou o sonho de sua mãe quando topou participar do concurso que selecionaria a Miss Plus Size Campo Grande 2018. Sem botar muita fé, participou de todas as etapas, dentre o ensaio fotográfico, a entrevista e, finalmente, o desfile. No dia 10 de fevereiro foi selecionada para representar a Capital no evento regional, que deve acontecer no final de maio.
A família foi responsável por correr atrás de tudo, especialmente sua tia, Silvia Benites e sua avó, Adelaide Benitez, a quem Giovanna carrega uma gratidão imensurável. Perguntar de dona Adelaide é pedir para Gi se emocionar. "Foi observando minha vó que eu decide que queria ser advogada e por isso curso Direito. Meus trabalhos sociais têm muito a ver com isso também, porque sempre a vi ajudando os outros", diz.
Na infância, sempre foi muito próxima à família de sua mãe. Desde pequena, era acima do peso tido como padrão, mas ela conta que mesmo sofrendo bullyng na escola, nunca se importou muito com sua forma física. "Eu comentava com minha mãe que isso acontecia. Naquela época eu era a 'gorda, baleia, saco de areia', mas não deixava que isso me afetasse", conta ela.
Giovanna acha que nasceu se amando e, por isso, nunca foi a louca das dietas. Inclusive, sempre sugeriram a ela fazer cirurgia de redução do estômago, mas a miss nunca quis. "Eu acho que sou tão tranquila em relação a isso que as pessoas nem me notam como uma pessoa gorda. Elas olham meu sorriso, meu jeito, e não meus quilos".
Gi tem noção que é uma exceção a regra e nota que a maioria das pessoas a seu redor, têm uma neurose constante em relação ao próprio peso. "Eu me importo com a minha saúde, apenas isso". Sem ver problema ao ser chamada de gorda, ela completa dizendo que prefere "gordelícia".
Mas mesmo se sentindo bem, Giovanna tem noção que falta representatividade de pessoas gordas na mídia. "Nós somos expostos, na maioria das vezes, como personagens engraçados". Sobre isso, ela pontua a importância da cantora e funkeira Jojo Todynho, que expõe suas curvas sem medo de ser feliz.
No mundo da moda, ao qual Giovanna acaba de se unir, também ainda são exceções as lojas que trabalham com numeração GG. "Em Campo Grande, são cerca de quatro lojas de roupas femininas que nos vestem bem. Até pouco tempo atrás a gente tinha que aceitar o que existia e se vestir com um estilo que não nos representava".
A miss, que se sente bem de qualquer maneira, reclama que ainda não encontrou um cropped top que lhe coubesse. "A indústria faz a gente ver o nosso próprio como um tabu. É como se eu, porque sou gordinha, não pudesse, ou não quisesse, vestir um cropped. Eu não preciso me esconder em roupas imensas, de gente mais velha, preciso me vestir como me sinto bem", finaliza.