Sem cuidados, redes sociais criam um ciclo destrutivo na saúde mental
Metade dos leitores que votaram em enquete sobre o tema disseram ter o bem-estar emocional afetado
Mais do que alguns aplicativos instalados no celular, as redes sociais fazem parte da nossa vida e, caso não sejam bem administradas, podem criar um ciclo destrutivo na saúde mental. Em enquete realizada pelo Campo Grande News, quase metade dos leitores disse que sem bem-estar emocional é afetado pelas plataformas de forma negativa. Por isso, o Lado B convidou duas psicólogas para falarem sobre o tema e explicar melhor como esse universo pode ser benéfico, ao invés de prejudicial.
Para entender sobre os impactos das redes sociais, a psicanalista Jamile Tannous explica, antes, que a presença onipresente desses canais acabam atuando como uma extensão dos nossos sentidos.
Elas não apenas capturam nossa visão e audição, mas também moldam nossas emoções e desejos, quase como um tempero invisível que altera o sabor de nossas experiências diárias. Ao interagir com essas plataformas, nossa mente se torna um campo fértil para a imaginação e a introspecção, mas também para a vulnerabilidade”, introduz.
É com esse contexto que vem a reflexão sobre como o conteúdo consumido pode ser, nas palavras de Jamile, tanto um bálsamo quanto um veneno.
Entre as opções sobre como as redes sociais afetam o bem-estar citadas na enquete, as mais votadas foram ansiedade causada e potencialização do consumismo. De acordo com Jamile, os dois assuntos “dançam uma valsa complexa nas redes sociais”, já que a linha entre aquilo que é necessário e aquilo que é desejado fica confusa.
Os dois podem se relacionar, já que a ansiedade, em certos casos, dá força para o consumismo em tentativas de preencher lacunas emocionais. Isso enquanto o consumismo intensificado pode levar à ansiedade em um ciclo viciado, como relata Tannous.
As redes sociais, com suas vitrines brilhantes, muitas vezes nos seduzem a buscar alívios efêmeros para tensões internas, transformando desejos inconscientes em ações conscientes que podem ter consequências emocionais e financeiras duradouras”, diz Jamile.
Além disso, a questão da autoestima também entra em jogo. Aqui, a psicóloga Cristiane Lang pontua que plataformas visuais, como Instagram e TikTok, são as que mais exercem efeitos com comparações que podem ser prejudiciais.
Por lá, as fotos editadas, rotinas supostamente intocáveis e conquistas constantes criam um padrão fora da realidade de felicidade e sucesso.
“Isso pode levar a sentimentos de inadequação, pois muitas vezes as pessoas comparam sua realidade cheia de desafios com uma versão filtrada da vida dos outros. Esse fenômeno pode causar sensação de inferioridade, busca por validação externa e distorção de autoimagem”.
Na enquete divulgada pelo Campo Grande News, metade dos leitores disseram que não são impactados. Enquanto isso, a outra metade se dividiu principalmente entre ansiedade (em 2º lugar), potencialização do consumismo (em 3º lugar) e, por último, baixa autoestima.
Como a psicologia se preocupa com o assunto?
Na psicologia moderna, tem havido uma atenção cada vez maior dada às redes sociais, sendo que investigações sobre as nuances e efeitos sobre o psiquismo humano estão entre os destaques.
“As são um espelho distorcido que reflete e amplifica nossos medos, desejos e inseguranças. Pesquisas buscam entender se essas plataformas são catalisadores de transtornos ou meros amplificadores de questões preexistentes. O desafio é discernir entre os efeitos benéficos, como a conexão e o aprendizado, e os potenciais danos, como a alienação e a superficialidade emocional”, pontua Jamile.
Mas como melhorar a saúde mental? De acordo com a psicanalista, regular o uso das redes sociais pode ser visto como o cultivo de um jardim mental. Ali, uma escolha cuidadosa daquilo que vai florescer poderá transformar o estado psicológico.
As dicas iniciais envolvem estabelecer limites e selecionar o conteúdo que consumimos. “Além disso, explorar práticas como a meditação, a leitura contemplativa e o engajamento em atividades artísticas pode enriquecer nossa saúde mental, oferecendo refúgios tranquilos em meio ao turbilhão digital”, pontua Tannous.
Outras orientações, agora dadas por Lang, são seguir conteúdos positivos para que os perfis te inspirem de forma saudável, sem comparações excessivas, fazer uma desconexão periódica com pausas digitais, praticar o consumo consciente e valorizar a vida real.
“As redes sociais podem ser ferramentas poderosas para aprendizado e conexão, mas é essencial usá-las com consciência. O equilíbrio entre o mundo digital e a realidade é o que define se elas serão aliadas ou inimigas da sua saúde mental”
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