Sexo com hora marcada faz bem ou é grito de socorro no relacionamento?
Psicanalista explica sobre a falta de tempo e o modo com que os casais têm lidado com a correria cotidiana
“Agendar” um horário para manter relações sexuais é algo que parece positivo ou está mais para um alerta no relacionamento? Décadas atrás, pensar em Campo Grande como uma cidade em que a falta de tempo só aumenta era algo fora do comum, mas hoje cada vez mais pessoas sentem a correria cotidiana na Capital. Nesse cenário, as relações entram no jogo e tudo parece precisar de um agendamento antecipado, mas isso vale até para os afetos e o sexo?
Psicanalista e experiente no atendimento de casais em terapia, Jamile Tannous adianta que essa questão é muito intrigante e sem respostas fixas. Então, para começar, não é possível definir se a hora marcada é positiva ou negativa logo de cara. Aqui, tudo depende do contexto e do estilo de vida da dupla.
O importante é como cada casal ressignifica esse ‘vale day’. Para alguns é um compromisso prazeroso que envolve expectativa e preparação. Para outros, pode parecer uma obrigação que esfria o desejo”, introduz Jamile.
Por isso, é necessário deixar os julgamentos de lado e se fazer a seguinte pergunta, de acordo com a psicóloga: "como eu me sinto ao marcar um horário para estar com meu parceiro(a) e como isso influencia nossa relação?”.
Longe de ser algo específico para os casais, Jamile relembra que a falta de tempo é um desafio universal. Considerando a conexão com as redes sociais durante o tempo todo, essa vivência no virtual pode afastar as relações reais.
Refletir sobre essa falta de tempo e encontrar formas de manter o que existe fora das telas já é um ponto positivo. A partir disso, a chave do primeiro passo é encontrar um equilíbrio.
Priorizar conexões reais pode prevenir problemas emocionais e fortalecer os relacionamentos. Conhecer a si mesmo é crucial para decidir como equilibrar o tempo entre o virtual e o real”, explica Jamile.
Além das relações sexuais, a escolha de se ver e reservar espaços nos dias também aparece como necessidade. Aqui, a psicanalista destaca que isso pode ser visto não como um agendamento do afeto, mas uma forma de criar espaços para as pessoas na vida cotidiana.
Em meio às demandas diárias, incluir os momentos de carinho como um compromisso pode ir na contramão da rotina cansativa e do modo automático que a vida acaba assumindo. “O afeto genuíno é o que importa, seja ele espontâneo ou planejado, desde que faça sentido para ambos no relacionamento”.
Outro ponto que pode gerar conflitos na atualidade é a possibilidade de mudar a forma de conviver com o parceiro. Morar em casas separadas, por exemplo, pode ser muito positivo ou confuso dependendo do relacionamento.
De acordo com Jamile, seja a hora marcada para manter relações sexuais, criar um compromisso para o afeto ou repensar a convivência, tudo precisa ser analisado caso a caso.
“O importante é refletir sobre como essa configuração impacta a si mesmo, ao parceiro(a) e à família. A flexibilidade e o diálogo são essenciais para encontrar o que funciona melhor para cada relacionamento”, descreve sobre o exemplo de viver em casas separadas.
Com tanto a ser pensado, para além de dialogar sozinho, o casal também pode escolher uma busca por atendimento especializado. Então, se apenas as conversas em dupla não fazem sentido, a terapia também pode entrar em jogo.
A partir de sua experiência, Jamile comenta que a terapia de casais permite que os dois lidem com suas verdades e, a partir delas, pensem e executem mudanças.
“Se algo não está funcionando, a terapia pode ajudar a transformar o sofrimento em experiências mais plenas e satisfatórias. É um caminho para aceitar e, ao mesmo tempo, modificar o que causa dor, buscando uma convivência mais harmoniosa e feliz”, completa.
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