Quem vê Jeey jogando não imagina que talento “nasceu” de tragédia
Jeey entrou para o mundo das lives de jogos para arrecadar dinheiro após ser atropelada na Avenida Guaicurus
Quem vê Jeey jogando, se divertindo e divertindo outras pessoas durante suas lives, nem imagina toda essa animação nasceu de uma tragédia.
Com mais de 14 mil seguidores na Twitch, uma das redes socais para fazer streaming de jogos, ela começou depois de sofrer um acidente grave em Campo Grande. Foi atropelada por um ônibus na Guaicurus e quase perdeu uma das pernas. As lives serviram ajudá-la a arrecadar dinheiro para o tratamento, mas agora virou sua profissão.
Jeey na verdade se chama Jéssica Lemos, tem 24 anos, é casada e tem um filho, o Miguel, de 4 anos. Natural do Rio Grande do Sul, mora em MS há muitos anos.
“Sempre fui apaixonada pelo universo gamer,geek e nerd e desejava trabalhar com isso mas ainda não sabia como, o acidente abriu meus olhos para essa possibilidade”
O acidente aconteceu há um ano e meio. “Eu estava desempregada há pouco tempo e estávamos ainda construindo algumas coisas que faltavam na minha casa, eu e meu marido decidimos ir buscar alguns materiais que faltavam na casa do meu sogro e fomos de moto. Na volta quando estávamos na avenida Guaicurus, um carro atravessou a avenida sem olhar em direção ao bairro e acabou atropelando nossa moto, parei praticamente em baixo de um ônibus que pegava alguns passageiros. Eu tive fratura exposta da tíbia e fíbula e muitas escoriações, meu marido quebrou a clavícula. O motorista prestou socorro no momento mas depois não me ajudou com mais nada e ficamos nos virando sozinhos”
A ideia de começar a fazer as lives então surgiu porque após o acidente Jeey tinha muitos gastos com curativos, transporte para consultas, fisioterapia, e como a pandemia havia acabado de começar ela do que se sentia muito sozinha.
“Foi principalmente a necessidade de interação que me fez pensar em fazer lives, na verdade eu não havia cogitado a ideia até que um amigo me disse que eu poderia conseguir um bom público e que seria bom pra mim. Como eu também precisava me distrair da dor eu juntei tudo: necessidade de uma renda, de interação e de distração. No fundo eu sentia falta de jogar”
As lives são feitas em uma plataforma parecida com outras redes sociais que já conhecemos, a Twitch. As pessoas tem a opção de seguirem Jeey e sempre saberem quando ela está online, conversando e jogando ao vivo com elas.
“Elas ainda podem ser inscritos pagantes para me apoiar, ou doar ao meu canal se preferirem, mas tudo isso é de escolha dos espectadores, contribuir ou não é uma decisão deles e o que mais me faz feliz disso tudo é a companhia que me fazem”, explica.
E o objetivo inicial de arrecadar dinheiro para seu tratamento já foi alcançado.” “Quando eu comecei a stremar (como nos chamamos o ato de fazer lives) eu não achei que fosse obter lucros tão cedo, mas eu estava passando por um momento difícil que eu precisava da fisioterapia e o sus se negava a me dar. Contei o que eu estava passando para os meus espectadores e começou uma onda de doações que me emociono até hoje de lembrar, não teria conseguido sem eles”.
A perna de Jeey está bem melhor, mas mesmo depois de um ano ela não está 100% recuperada. Como teve perda óssea e os médicos optaram por não colocar haste, ela ainda tem um espaço entre os ossos e isso faz com que manque bastante e não tenha tanta firmeza na perna, mas já andar, por exemplo.
“Tomei gosto por esse universo e amo demais o meu trabalho. Considero as streams como um trabalho/hobbie, eu levo muito a sério mas me divertindo. Encontrei pessoas magníficas nesse meio que me apoiam muito e pretendo crescer e persistir nas lives”.
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