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Interditada, Igrejinha pode não desfilar no Carnaval de 2013

Mariana Lopes | 17/11/2012 16:34
Prefeitura interditou o baracão da Igrejinha, que está proibida de realizar qualquer atividade, mesmo que seja fora do espaço físico da escola de samba (Foto: Simão Nogueira)
Prefeitura interditou o baracão da Igrejinha, que está proibida de realizar qualquer atividade, mesmo que seja fora do espaço físico da escola de samba (Foto: Simão Nogueira)

Com o baracão interditado pela Prefeitura desde a última quarta-feira (14), a escola de samba Igrejinha, uma das mais tradicionais de Campo Grande, corre o risco de não desfilar no Carnaval de 2013.

As portas foram fechadas por causa de uma ação do Ministério Público Estadual, que obriga a entidade a se adequar em um projeto de impacto ambiental, no qual exige isolamento acústico no espaço físico onde a escola realiza os ensaios e outras atividades culturais.

Por causa disso, a Igrejinha está proibida até mesmo de fazer apresentações em quaisquer eventos. “Ou a gente faz as adequações ou desfila no Carnaval do ano que vem. Mas de qualquer forma, como vamos levantar fundos para fazer qualquer um dos dois se não podemos realizar nada em nome da escola, que é de onde vinha a nossa verba?!”, pontua o presidente da escola de samba, Paulo Freixes.

De acordo com Paulinho, a primeira denúncia feita no MPE contra a escola foi no início deste ano, no pré-carnaval da Igrejinha. “Um morador alegou que não limpamos o local depois da festa. Ele até anexou aos autos fotos da sujeira, mas foram registros feitos antes mesmo da estrutura de palco ser desmontado”, se defende.

Mas na semana passada, a ação judicial que chegou para a escola foi por causa do barulho durante as atividades realizadas no barracão, localizado na rua 14 de Julho, no bairro São Francisco.

“No dia 7 de novembro, a Polícia Militar chegou aqui no meio de um ensaio e mandou a gente parar tudo, daí que ficamos sabendo da ação. Daí o juiz deu 30 dias para a gente se adequar, mas em uma semana a Prefeitura já interditou e nos proibiu de abrir as portas”, conta Paulinho.

Além dos ensaios da bateria, a Igrejinha também promove rodas de samba toda sexta-feira e oficinas de percussão às terças, quintas e aos sábados. “Tudo é de graça para a população, só lucramos no bar quando tem roda de samba”, afirma Paulinho.

Paulinho diz que se investir na adequação do espaço físico, a escola não terá dinheiro para o Carnaval (Foto: Simão Nogueira)
Paulinho diz que se investir na adequação do espaço físico, a escola não terá dinheiro para o Carnaval (Foto: Simão Nogueira)

Para adequar o espaço da escola de acordo com o padrão do projeto de impacto ambiental, a escola terá que gastar, no mínimo, mais de R$ 800 mil, segundo Paulinho. “Só a estrutura acústica do teto é R$ 80 o metro quadrado, imagina forrar todo o barracão? Não temos fins lucrativos, tudo o que ganhamos é para fazer o Carnaval”, diz o presidente da escola.

Ele ainda compara a situação na qual a Igrejinha está com a condição de outras escolas de samba. “Nunca ouvi dizer que outras escolas têm isolamento acústico, tem casas noturnas que não têm. Imagina se tivesse que colocar isso no sambódromo?”, observa Paulinho.

Entre os carnavalescos da escola de samba, que tem quase 40 anos de história no Carnaval campo-grandense, o lamento é o mesmo. “Aqui é um espaço cultural também, a Igrejinha faz parte do contexto cultural da cidade, não pode ser tratada desta forma”, enfatiza o diretor da missão de frente da escola, Fernando Cruz.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com o promotor responsável pela ação, Alexandre Raslan, que disse falar sobre o caso na segunda-feira (19). Por causa do feriado, a assessoria de imprensa da Prefeitura também deve se manifestar no início da próxima semana.

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