Irreverente, Cibalena arrasta multidão no Carnaval de Corumbá
No maior bloco de rua da cidade, a brincadeira é homem se vestir de mulher e vice-versa
No Cibalena é assim: homem que é homem desfila “trabalhado” no vestido curto, meia calça, peruca e adereços femininos. “Tem que ser bem periguete”, define Paulo Vitor Almeida, de 32 anos. Na abertura oficial do Carnaval de Corumbá, o maior do Centro-Oeste, ele trocou o uniforme de vigilante por um modelito com estampa floral.
Paulo conta que desfila há uma década. Nos últimos cinco anos o feriado de fevereiro é a senha para deixar Campo Grande e aproveitar a festa na terra natal. Ao lado de Paulo, a esposa Isabela Almeida, de 28 anos, se mostrava contrariada em ver o marido de vestido curto. “Acho horrível”, disse, ao contar porque não dá palpite na escolha do look carnavalesco do esposo.
Mas no espírito do “não me leve a mal, hoje é Carnaval”, Paulo é só mais um em meio à multidão. Na madrugada deste sábado, a expectativa do bloco era arrastar 25 mil pessoas. Pelas ruas, homens desfilam com estampa de oncinha, saias cor de rosa, tiaras com orelhas de pelúcia. Eles só não se arriscam a andar de salto alto nas ruas de paralelepípedo. Os pés vão firmes no chão, em tênis e sapatilhas.
No Cibalena, maior bloco de rua da cidade, a brincadeira é homem se vestir de mulher e vice-versa. Porém, entre o público feminino, a proposta tem adesão bem menor. E a fantasia é mais contida, como desfilar vestida de jogador de futebol.
Para não perder nenhum aspecto da brincadeira, uma foliã reuniu as duas fantasias de uma só. Em clima de festa, prefere dar apenas os nomes fictícios: de um lado é Aparecida, do outro, Juvenal. A fantasia caprichada – bombeiro para as mulheres e enfermeira sexy para os homens – chamava a atenção para um grupo de 22 pessoas. “A gente contrata uma costureira, que faz roupa para todos”, conta a turismóloga Carmem Toledo.
Já o traje de havaiana de Ederson Fernandes, de 39 anos, e a inscrição “bebê a bordo” na barriga saliente foram ideia da esposa. Ilka Fernades, de 38 anos, relata que não consegue ficar longe do Carnaval da Cidade Branca. Ela se mudou para o Mato Grosso, mas retorna para aproveitar a festa. “Vim com a minha família, que são cinco pessoas, e mais três amigos de lá”, diz.
Tradição – O bloco que reúne milhares de pessoa nasceu há 33 anos, fruto da amizade de Valério e Manduca. O uso do nome de um remédio para batizar o grupo veio de uma brincadeira. Manduca apelidou a cerveja com o nome do medicamento. E a moda pegou, dos pedidos de “me dá uma Cibalena” feitos nos bares surgiu o nome do bloco.
No começo, o Cibalena reunia, no máximo, 15 pessoas, que seguiam um radinho colocado em um caminhãozinho de madeira. Agora, tem carro de som e bandinha. “Como já tinha a banda, os outros blocos foram se unindo”, explica o presidente do Cibalena, Elias Ferreira da Silva.
Para cair na folia, não precisa comprar abadá e nem usar fantasia, basta chegar e seguir junto com a multidão. Sem perder o clima de diversão, o presidente planeja tornar o bloco uma grife, com venda de camisetas e produtos.
Poderosas – De tão grande, o Cibalena ganhou uma ramificação: As Poderosas. Mantendo a irreverência e a cada ano com uma fantasia nova, os foliões saiem na frente do Cibalena. A ideia foi de Luiz Antônio Martins, proprietário do hotel Nacional.
Os hóspedes vêm para o Carnaval e participam do desfile de rua. Em 2013, o grupo escolheu homenagear Carmem Miranda. “A maioria dos turistas vem de Campo Grande. Mas tem hondurenho, chileno, boliviano, paraguaio, venezuelano, mexicano”, conta.
Mangueira – A diversão na primeira noite oficial do Carnaval 2013 também teve apresentação da bateria da Mangueira. Ao som de samba-enredos que fizeram história, o público lotou a praça Generoso Ponce. No palco, o samba no pé marcou o show das passistas.