"Ossada" fica famosa e prato criado por clientes agora é nome de restaurante
A sobaria é escondidinha, fica na rua Duarte Pacheco, na Vila Sobrinho. Com uma cerca viva em volta, a varanda passava despercebida, não fossem as mesas e o movimento. Sem letreiro na fachada, o nome oficial é Tomodatichi, mas os fregueses conhecem mesmo como “Ossada”.
O ambiente é tranquilo: uma varanda rústica com pilares de madeira, mas muito agradável. A sobaria é o patrimônio de uma família japonesa, os Oshiro. Cresceu um pouco, mas continuou com o clima familiar e colecionando clientes que a acompanham desde o dia da inauguração, quando o lugar só tinha dez mesas.
Por conta de um prato que começou na base da brincadeira, e virou parte do cardápio, o restaurante ficou famoso na região. A “Ossada” atraiu até o senador Ramez Tebet, já falecido, e o ator Ney Latorraca, em uma das vindas a Campo Grande, contam os donos e as fotografias.
Os ossos usados para fazer o caldo do sobá sempre acabavam no lixo depois de cozidos. Até que um dia isso mudou graças a alguns estudantes, que jogavam bola com Glauber Oshiro, filho dos donos, na época com 18 anos. Tudo começou quando os garotos perguntaram para o dono, Antônio Oshiro: “Tio, se a gente pagar a mandioca, o senhor não doa esses ossos para a gente?”.
Sem entender muito, a resposta foi positiva. Na época, a família nem imaginava o sucesso que o “prato” de ossos iria fazer.
No começo, era exclusividade da turma do futebol. Mas com o tempo os outros clientes foram vendo e querendo. Antes, era servido como uma cortesia da casa, mas os pedidos aumentaram e ele entrou no cardápio.
O prato tem ossos do pescoço da vaca, carne com pouca gordura e bem temperada. Acompanha mandioca cozida e vinagrete. Tem dia que dá até briga, contam os donos, por acabar cedo, já que o restaurante utiliza apenas os ossos do caldo do sobá. Acabou? Não tem choro, só no outro dia.
Preço - A porção grande, que serve até três pessoas, custa R$ 22,00 e a pequena, custa R$ 17,00. O prato, que até onde o Lado B tem conhecimento não é servido em nenhum outro lugar da cidade, ganhou fama e deu visibilidade para a sobaria de bairro.
Elina Oshiro de 60 anos e Neide Shimabocuro são as responsáveis pela cozinha, desde que o restaurante abriu, há 25 anos.
A honestidade com o cliente é outro ponto que faz da casa um lugar respeitado. “A primeira vez que eu vim aqui, foi com uma amiga e a gente nunca tinha comido Yakisoba, nós pedimos dois. Eles explicaram que era grande e um dava para nós duas. Só depois chamei o meu marido para vir. A gente nunca deixou de frequentar, as crianças vêm desde pequenas”, relata Gilzeli Motti, de 47 anos, cliente a mais de 24 anos.
A sobaria faz parte da memória afetiva de Denise Higa, de 32 anos. Ela era vizinha, e tinha seis anos quando ia direto do balé para o restaurante. “Eu sempre venho, desde criança, fui uma das primeiras cliente e sempre que posso trago um amigo para conhecer”, comenta a policial militar.