A gente acha que conhece café, mas sabe de pau e pedra no meio?
Brasileiro cresce ouvindo sobre e bebendo café, mas quem trabalha no ramo mostra que aprender faz diferença
Em sábados selecionados, Henrique Ianaze separa algumas horas para mostrar a pequenos grupos de interessados como café não é tudo igual e que aprender mais profundamente sobre o tema não é baboseira ou exagero. No ramo há 10 anos, ele decidiu compartilhar parte de seu conhecimento gratuitamente para descomplicar o assunto.
Cerca de oito vagas são ofertadas por oficina e um dos últimos assuntos foi sobre defeitos do café. Vendo as seleções de grãos para ilustrar, parte dos participantes descobriram que ter pau e pedra no meio do café é algo que pode acontecer, assim como a inserção de grãos verdes e com outros problemas externos e do próprio grão.
Mas o que muda saber disso na prática? Henrique, que é sócio-proprietário do Ramita Cafés, defende na oficina que saber o que se está consumindo é algo que precisa ser pensado na base (ainda mais quando pensamos que por um bom tempo o Brasil exportava o que havia de bom e deixava o “resto” por aqui).
Entre os temas dos temas estão regiões produtoras de cafés no Brasil, padrão de água para melhores extrações de cafés, defeitos de café e como são pontuados os cafés especiais.
É claro que compartilhar os conhecimentos também não veio à toa e ele explica. “A ideia de oferecer conhecimento é uma maneira de descomplicar o assunto café e convidar o cliente para uma realidade mais próxima do produto ‘café especial’. E mostrar como ele pode aproveitar um grão de melhor qualidade, com maior valor agregado”.
Apesar de o Brasil ser um grande exportador e consumidor de café, o conhecimento acaba sendo raso e, falando de Campo Grande, é uma minoria que arrisca saber mais sobre. No caso de Henrique, as oficinas servem tanto para um gosto próprio quanto para formar seu público.
“A ideia também é fazer com que o público entenda como esse mercado acontece passando o conhecimento que a gente tem desde a lavoura até o resultado na nossa xícara”, explica Henrique.
Sobre a ideia das “aulas” grátis, ele relata que percebeu com o público como o café é algo que gera muito assunto. “Tem muito cliente que começa a consumir café especial e gosta de saber de onde o café dele veio, as notas sensoriais do que está tomando, a melhora no preparo e equipamentos para um ritual de preparo em casa”.
Como o tema ainda não é algo tão popular, Henrique comenta que os interessados envolvem consumidores experientes e também aqueles que estão começando a entrar nesse mundo.
O retorno tem sido muito bom, uma vez que sempre que marcamos as oficinas gratuitas elas lotam rapidinho. É muito bacana ver a troca que se faz nas oficinas, a curiosidade que as pessoas têm com café e um grande envolvimento ao fim das oficinas já que fazemos experimentos ali na prática para um melhor entendimento, diz Henrique.
E, pensando sobre os principais resultados, ele completa dizendo que a quebra de preconceito é feita a cada oficina. Consequentemente, o público que vai entender melhor acaba se transformando em cliente sem “glamorizar” o produto.
“Dificuldades acho que todos temos quando se trata, às vezes, de um produto novo, mas isso está mudando bastante. E é uma verdade que depois que se acostumam a um café de melhor qualidade, o paladar não retrocede”.
Para quem se interessar nas oficinas, as vagas são divulgadas através do Ramita Cafés.
Confira a galeria de imagens:
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