Andrezza ensina às mulheres que ‘o que vem das mãos delas tem valor’
O Borboleta Azul realiza capacitação para mulheres que desejam empreender, mas não sabem como começar
O projeto começou com a distribuição de alimentos, mas hoje virou o braço direito daquelas que antes não possuíam renda própria. Desde a pandemia, o Borboleta Azul auxilia mulheres que produzem queijos, bolos, doces, geleias e muito mais. Através de cursos, elas ganham capacitação para empreender na área da alimentação.
A biomédica e tecnóloga em alimentos Andrezza Castelo Branco, de 46 anos, é quem há seis anos teve a ideia de desenvolver a iniciativa. Posteriormente, o projeto ganhou a parceria e apoio da tecnóloga em alimentos Eva Nantes.
Andrezza conta que a princípio o Borboleta Azul atendia somente comunidades. “No início tinha a ideia de trabalhar o reaproveitamento, comecei a ir em comunidades e levar para a doação”, diz. Depois, as mulheres se tornaram o público-alvo. “Nesse projeto começamos a ver mulheres em situação de risco”, diz a biomédica.
A partir disso, o programa mudou de rumo e se tornou o que é hoje. Através de cursos e capacitações, Andrezza explica que o objetivo é ensinar mulheres que querem empreender a potencializar o negócio.
“Montei junto com a Eva vários cursos na área de produção de alimentos, porque vimos que essas mulheres não tinham condições financeiras para se manter. Focamos na capacitação de mulheres que estão tentando se levantar com o negócio, mas não sabem o caminho”, afirma.
Com o apoio de líderes comunitários, a equipe consegue identificar empreendedoras locais ou interessadas em empreender. De acordo com Andrezza, o projeto vê de forma individualizada a necessidade e pontos a serem melhorados no negócio. "O borboleta identifica as dificuldades de cada uma, fazemos a orientação e começamos a acompanhar”, afirma.
A partir disso, elas participam de forma gratuita das aulas oferecidas. Os cursos são relacionados a segurança no trabalho na área de alimentos, higiene e manipulação de alimentos; produção e vendas de biscoito caseiro, doces, salgados, compotas e geleias.
A biomédica destaca que o mais importante é fazer com que elas acreditem em si e no produto que vendem. “Elas precisam acreditar e elas só começam a acreditar quando veem o produto sendo vendido”, frisa.
Ela garante que qualquer uma tem capacidade e a única coisa que cobra é comprometimento. "Não existe custo para quem entra no projeto. Eu vou cobrar determinação. Para entrar no projeto você só precisa ter vontade de empreender. A atenção especial é para as mulheres que querem empreender, porque precisam ter esse dinheiro”, ressalta.
Recentemente, o Borboleta Azul participou da Feira do Bosque da Paz. Na ocasião, Andrezza levou ao público alguns dos produtos acompanhados pelo projeto. O propósito, conforme a idealizadora, é que as empreendedoras, potencializem as vendas. “A ideia é usar a feira e em cada domingo mudar os alimentos que serão expostos. É para que cada uma que esteja sendo ajudada consiga pegar o seu produto, vender e ter a sensação de realização”, comenta.
Questionada sobre o significado que o projeto tem na vida dela, Andrezza pontua que todo conhecimento deve ser compartilhado. "Não tem nenhum valor ter conhecimento e não conseguir dividir com as pessoas. Meu mestrado, doutorado, nada disso vai valer se a comunidade ao meu redor não for beneficiada com isso”, declara.
Trabalho transformado - Entre as mulheres atendidas está Uli Gabrieli Pereira Soares Souza, de 38 anos e a mãe dela, Mara Pereira Soares, de 61 anos. Ambas vendem queijo caipira e conheceram o projeto há dois anos. Em Jaraguari, Mara faz a produção artesanal que é vendida por Uli em Campo Grande.
Uli relata que ela e a mãe conseguiram melhorar a marca Queijos Maroca por meio das oficinas, além de compreenderem o valor do trabalho que realizam. “A oficina do projeto é maravilhosa e nos ajudou a ter visão de nosso negócio. Isso está proporcionando crescimento e desenvolvimento da marca, ajudou sair da zona de conforto, fez com que acreditássemos que podemos crescer e alcançar o mercado”, expressa.
A ideia de vender os queijos, segundo Uli, surgiu quando a mãe retornou a Jaraguari. “Meus pais foram para o sítio após o falecimento dos meus avós. Meu avô sempre fez queijo e nunca expandiu. Sem renda, a minha mãe começou a fazer queijo e comecei a vender aqui”, explica.
Atualmente, elas estão aprendendo sobre o processo de desenvolvimento da embalagem. Na opinião de Eli, a capacitação está sendo a parte mais importante para o produto. A expectativa é que futuramente o mesmo chegue aos mercados.
"O projeto fez entender o valor do nosso produto e trouxe qualificação para desenvolvermos. Nos proporcionou essa visão de nos empoderarmos e acreditarmos que somos empreendedoras. Os Queijos Maroca ainda será visto em grandes redes de supermercados", conclui.
Quem quiser conhecer e participar do projeto, o perfil no Instagram é @borboletaazulprojeto
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