De bocaiúva a pequi, ovos de Páscoa têm recheios de frutas regionais
Associação de produção orgânica fabrica ovos diferentes para uma Páscoa regional e mais saudável
Sem exagerar no açúcar ou pecar pela falta de sabor, uma associação sul-mato-grossense resolveu aproveitar a Páscoa deste ano para elaborar e comercializar ovos com ingredientes bem regionais, como a bocaiúva, pequi, jatobá e a famosa castanha de baru.
Ideia da empreendedora Rosa Maria da Silva, 58 anos. "O campeão é o brigadeiro de baru – e agora na versão low carb. Se já são frutas agroecológicas, também merecem adicionar outros produtos naturais que acrescentam saúde e gostosura sem pecar no excesso", garante.
Nas suas receitas de Páscoa vai manteiga ghee, creme de leite feito com castanha de caju, cacau 100%, farinha de amaranto e até alfarroba – conhecidinha pelos veganos com a fruta substituta do chocolate. "Damos preferência para uma alimentação natural, sem conservantes, aromatizantes e os outros 'antes' industrializados da vida", assegura.
Seja de pequi, bocaiúva, castanho de baru ou jatobá, os ovos saem por dois valores: R$ 25,00 (embrulhados no papel celofane) e R$ 30,00 (colocados na caixinha de presente). Demais recheios – com nas versões low carb – ficam a critério do cliente.
Rosa Maria esclarece que não comercializa kits, apenas os ovos pelo preço individual. "E ainda quando é época de outras frutas, fazemos de geléias, doces, brigadeiros, bolos, salgados, tortas, sucos, biscoitos até pães mais saudáveis", confirma.
Além de mestre-cuca, Rosa Maria é presidente da Broto Frutos Culinária do Cerrado, uma associação em que o mote é preservar o bioma do cerrado por meio da produção orgânica e do extrativismo sustentável e ainda ajudando quem só sobrevive disso.
"A matéria prima vem dos nossos agricultores associados. São eles quem colhem na propriedade ou no entorno de onde vivem, espalhados pelo estado. O bioma cerrado é riquíssimo. Só aqui em Campo Grande, por exemplo, eu e meu esposo também colhemos alguns itens. Todo esses pés frutíferos as pessoas não conhecem ou, pior, sabem o que é e nem valorizam. Preferem comprar dos grandes centros essas mesmas frutas que, quando vêm pra cá, são cheias de agrotóxico, carregam preço exorbitante e ainda chegam 'passadinhas'", explica.
Pela associação, o trabalho de Rosa Maria – além de comprar a matéria-prima dos associados e fazer dela receitas clássicas utilizando esses ingredientes diferentes – é mostrar que até na Páscoa pode se deliciar um ovo na versão regionalizada.
"Vale a pena apreciar esses pratos feitos com os frutos pois não só desperta a curiosidade do povo mas ajuda também a divulgar o que é nosso, valorizar o agricultor extrativista que depende muitas vezes dessa renda extra para sobreviver", diz.
Todas as adaptações para as versões saudáveis é ela mesma que faz. "Procuro informações, faço cursos e dou preferência pelo diferencial para que nossa associação possa se reerguer devido a crise advinda da pandemia. Devagarinho vamos nos organizando e em breve tudo voltará ao normal", torce.
Divulgar e ajudar a preservar o bioma cerrado faz parte da sua missão. "Somos agricultores familiares e a coleta é feita de forma sustentável. A permanência do bioma depende do nosso manejo, isso tanto do campo quanto da cidade. Valorizar o que é nosso faz a roda da economia girar por aqui mesmo. Agrega valor, aumenta o turismo local, valoriza produtos e traz mais naturalidade aos sabores únicos", finaliza.
Os ovos podem ser encomendados pelo telefone (67) 99900-0935.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.