De forma sustentável, família extrai a castanha do baru e faz recheio de bombons
É difícil de acreditar, mas a castanha de baru pode ser encontrada em qualquer canto de Mato Grosso do Sul. Típica do centro-oeste e sudeste brasileiro, a castanha caiu nas graças dos culinaristas e tem feito sucesso principalmente pelos benefícios, que incluem não só o sabor suave, como também os altos índices de ferro e fibras.
A chef e artista plástica Emília Leal, 50 anos, aprendeu a trabalhar com a castanha em casa. O marido, Lino Bambil, 55 anos, conheceu o produto por meio do irmão, que realiza uma pesquisa com o fruto e em pouco tempo iniciou o processo de coleta e utilização da castanha.
“A família dele estuda a castanha e eles já usavam na cozinha. Com o curso de gastronomia que fiz comecei a usar o produto nas receitas, sendo que o carro-chefe é o bombom de castanha de baru”, explica Emília.
O bombom tem cerca de 90% de receio, em uma massa bem densa com a castanha. Emília utiliza diferentes tipos de chocolate para preparar o produto e vende por um preço médio de R$ 3,50 em feiras de Campo Grande e por meio de uma página no Facebook.
O marido, Lino é repórter cinematográfico, artista plástico e ainda o responsável pela coleta e toda a preparação da castanha de baru até ela estar pronta para a cozinha de Emília.
“Eu faço a coleta pela cidade. Há várias árvores na avenida Três Barras e no Parque dos Poderes. As pessoas não sabem ou desconhecem o uso da castanha de baru, é normal em Mato Grosso do Sul, mas ela é muito usada em Goiás e outros Estados”, ressalta Lino.
Para deixar a castanha no jeito para Emília é preciso retirar toda a polpa que envolve o fruto. Nesse caso, Lino deixa a cargo dos animais, como formigas e quatis.
“Eles roem toda a polpa e só então eu quebro com um maquinário especial. A casca eu estou testando o aproveitamento para a varanda, como piso sustentável, tudo é usado de forma que respeite o meio ambiente”, explica.
Emília que nasceu em Macapá, na fronteira com a Guiana Francesa, aprendeu a gostar de castanha pelo do Pará.
“Hoje, nas feiras chamamos de Castanha do Brasil”, brinca. Essa experiência em um extremo do país a fez ver com outros olhos as possibilidades do baru, que também pode ser conhecido como cumbaru. “Agora que as pessoas estão começando a conhecer a castanha e que os culinaristas daqui estão utilizando o produto nos pratos”, acredita. Vale lembrar que a castanha ainda pode ser comercializada apenas torrada, o sabor é bom também.
O processo é feito na chácara do casal que fica próximo a avenida Três Barras e onde eles realizarão todo primeiro domingo do mês, o Estação Cumbarú, um evento com música ao vivo, manifestações artistícas e gastronomia das 9 horas às 19 horas.
“Eu sou artista plástica também, agora estou montando meu ateliê, que é nos moldes das casas da Amazônia, do Macapá, das comunidades ribeirinhas onde eu cresci. Lembro muito dessa época e sinto saudade”, explica Emília.
Morando há mais de 30 anos em Campo Grande, ela conta que veio grávida para o Estado fugindo da maleita.
“Vim em busca de qualidade de vida, mas nunca esqueci minha terra e visito sempre, levo minha arte para lá. Esse ateliê é uma forma de relembrar essa época, queria fazer de palha, mas por questões financeiras não deu”, indica.
Informações sobre o Estação Cumbarú e o bombom de baru pelo telefone (67) 9191-9399.