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Sabor

Famoso por churrasco, vizinhos insistiram até Erick abrir espetinho

No Jardim Imá, família se uniu para preparar os espetinhos de carne, linguiça e vendidos com mandioca por R$ 6

Jéssica Fernandes | 11/03/2023 07:50
Erick abriu espetinho após pedidos da mulher e amigos. (Foto: Juliano Almeida)
Erick abriu espetinho após pedidos da mulher e amigos. (Foto: Juliano Almeida)

O projeto da espetaria demorou para sair do papel, mas quando Erick Josemar Gutterres Batista, de 44 anos, acendeu a churrasqueira, os primeiros clientes estavam esperando. Contabilizando mais de 20 anos de experiência como churrasqueiro, o motorista fez a alegria dos amigos do Bairro Jardim Ímã quando iniciou a venda dos espetinhos.

Erick relata que a iniciativa partiu da esposa Marenilse Pereira de Sena. A Mare ficou anos insistindo pra ele começar o negócio com a certeza que daria certo. “Há uns três, quatro anos, ela vem pedindo, falando: ‘Erick, monta esse espetinho, você vai ver’. Os próprios colegas de trabalho falavam: ‘Monta o espetinho, se você não quiser vender, vende pro pessoal assar em casa pelo menos”, conta.

A esposa e os amigos do trabalho não eram os únicos que insistiam para o motorista vender espetinho. No bairro onde mora há 44 anos, o açougueiro e o dono do mercado também o incentivaram. “Quem me conhece na vila de infância, colega próximo tudo pede. O próprio açougueiro que corta carne pra mim é amigo. Ele falava assim: ‘Tem que abrir mesmo'”, declara.

Espetinho são servidos no prato com mandioca. (Foto: Juliano Almeida)
Espetinho são servidos no prato com mandioca. (Foto: Juliano Almeida)

Em novembro, ele fez a inauguração da espetaria em casa ‘de supetão’. A estreia foi melhor do que Erick esperava. “Surgiu a oportunidade de começar e foi de supetão, orcei a churrasqueira e no primeiro dia levei um susto. Lembro que comprei cinco quilos de carne, fiz o tempero. Foi assim que começou. Quando acendi o fogo e coloquei a grelha já tinham dois caras de bicicleta esperando”, diz.

O tempero foi outro divisor de águas no negócio. Há anos, ele trabalhou numa sobaria onde fazia espetinho, porém não quis resgatar a receita do tempero da época. “Falei que não ia fazer igual da sobaria, porque no meu gosto achava que ficava pesado”, explica.

Erick considerou inventar um tempero especial para cativar os clientes, mas a família insistiu que ele deveria fazer o que sempre serviu em casa. “O tempero é uma coisa engraçada, você tem o seu, a pessoa que mexe já tem o tempero na cabeça. A Mare falou: ‘Vende o espetinho conforme você faz, a gente quer aquele que você faz pra gente aqui em casa e acabou'”, relata.

Erick trabalha ao lado da esposa, filha e nora. (Foto: Juliano Almeida)
Erick trabalha ao lado da esposa, filha e nora. (Foto: Juliano Almeida)

 Conhecimento de tipos de carne, corte, modo de preparo é o que não falta para Erick. “Tem 20 anos ou mais que trabalho assando carne para as pessoas, famílias, confraternizações, casamento. Já tenho uma clientela que atendo há muitos anos”, ressalta.

Por isso, ele garante que mexer com espetinho é mais complicado do que muitos podem imaginar. “Quem não sabe assar carne não adianta inventar de mexer com espetinho, falo isso direto, porque o espetinho dá mais trabalho do que assar a carne no tamanho normal. Você tem que conhecer e saber o ponto da carne. O açougueiro também é uma peça fundamental, igual o Tião que tem dia que faz milagre pra mim”, pontua.

Em casa, ele prepara espetinhos de carne, linguiça e tulipa de frango, que são servidos no prato com mandioca. O ponto é ao gosto do cliente e quem quiser levar para assar em casa também tem essa opção. O valor dos espetinhos de carne e linguiça é R$ 6 e frango R$ 7.

Na calçada, clientes do espetinho conversam entre si. (Foto: Juliano Almeida)
Na calçada, clientes do espetinho conversam entre si. (Foto: Juliano Almeida)

Com clientes do Bairro Nova Lima, Coophasul e outras regiões distantes do Bairro Jardim Imá, Erick está vendo retorno no negócio. Porém, para ele, o mais gratificante tem sido ver a interação dos vizinhos.

“Tem gente que mora um do lado do outro e não se falam, não se viam há tanto tempo e com o espetinho estão se vendo, brincando. O pessoal tá vendo o meu pai e minha mãe. Tem gente que não via a minha mãe há 10 anos, agora senta lá e conversa com ela. Pros velhinhos isso está fazendo bem também. Isso tá motivando a gente a persistir”, ressalta.

Espetinho de carne é feito no ponto a gosto do cliente. (Foto: Juliano Almeida)
Espetinho de carne é feito no ponto a gosto do cliente. (Foto: Juliano Almeida)

O espetinho é tocado por Erick com apoio da esposa, nora e filha. Ele enfatiza que sem as mulheres não conseguiria dar conta. “Sem elas, a Mare, Manoela e a minha nora não teria como manter o espetinho. Minha parte é assar a carne e cuidar, porque qualquer erro é um vacilo. Minha mulher acaba trabalhando o triplo, porque ela cuida das mesas, limpa, lava os copos, cozinha a mandioca. As meninas são a parte de atendimento na rua, de receber e servir. Então estamos em família, descobrimos que juntos dá certo”, conclui.

O Espetinho do Erick fica na Rua Brasília, 792, Bairro Jardim Imá. O horário de funcionamento é de quinta a domingo, das 18h às 23h.

Erick cuida da churrasqueira e dos espetinhos. (Foto: Juliano Almeida)
Erick cuida da churrasqueira e dos espetinhos. (Foto: Juliano Almeida)


O motorista com a pequena Sofia, que também ajuda no espetinho. (Foto: Juliano Almeida)
O motorista com a pequena Sofia, que também ajuda no espetinho. (Foto: Juliano Almeida)

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