ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 23º

Sabor

Habib’s não aguentou, mas todo dia alguém abre uma casa de esfiha

Em Campo Grande, a receita que ficou popular com negócios árabes ganhou o coração do campo-grandense

Jéssica Fernandes | 31/07/2023 07:56
Na Confeitaria Árabe, esfihas têm receita passada de mãe para filho. (Foto: Alex Machado)
Na Confeitaria Árabe, esfihas têm receita passada de mãe para filho. (Foto: Alex Machado)

Quando o assunto é esfiha, quem mora em Campo Grande não passa vontade e nem come mal. O salgado que fez muito comércio de origem árabe se estabelecer antes dos anos 2000 segue como carro-chefe de novos negócios.

No dia 14 de julho, o Habib's fechou a terceira e última unidade na Capital após 13 anos de atividade. A rede de fast food pode não ter aguentado, mas a cada dia alguém abre em algum canto da cidade uma casa de esfiha.

O Lado B aproveitou a oportunidade para conversar com empresários que são referências no preparo do salgado árabe e gente que nos últimos anos resolveu apostar tudo na receita para transformar a vida da família.

Na Avenida Guaicurus, Leonir Mendes Rocha, serve esfiha que ficou famosa pelo recheio generoso e sabor original. No estabelecimento são mais de 10 sabores e valor acessível. "Eu já trabalhei em restaurantes tradicionais e entendia o funcionamento, mas nunca havia ido para a cozinha. Foi quando decidi aprender a fazer esfiha e fazer dela um novo negócio para a família”, lembra Leonir, do início do estabelecimento.

Hoje o endereço chamado Ponto da Esfiha é um sucesso na região e virou point do trabalhador que não dispensa a iguaria no café da manhã ou no lanche.

Ponto da Esfiha, na Avenida Guaicurus, virou point do trabalhador que ama a receita. 
Ponto da Esfiha, na Avenida Guaicurus, virou point do trabalhador que ama a receita.
Zuhair Michel administra o negócio que começou com o pai na Rua 14 de Julho. (Foto: Alex Machado)
Zuhair Michel administra o negócio que começou com o pai na Rua 14 de Julho. (Foto: Alex Machado)

No Centro, a Rua Sete de Setembro também é endereço certo para ir a qualquer hora do dia e saborear uma esfiha. A primeira parada foi na Confeitaria Árabe, que tem 45 anos de história e hoje é administrada pelos irmãos Zuhair Michel Hibrahim, de 58 anos, e Jean Hibrahim.

O negócio da família, segundo Zuhair, nem sempre foi ali, pois o pai trabalhava em outro ponto do Centro. “Quando viemos para esse ponto, já tínhamos outro na Rua 14 de Julho com a Dom Aquino. Ficava no meio da quadra, chamava Lanchonete e Restaurante Árabe. Ficamos lá até 1977 e viemos pra cá no final de 1978”, explica.

Quase na virada da década, a confeitaria administrada pelos pais Michel e Madeleine só tinha um vizinho especializado em esfihas, o Thomaz Lanches. Os salgados não eram tão populares na cidade, mas já agradavam o paladar do público.

No local, cliente encontra esfiha no sabor zatar com gergelim. (Foto: Alex Machado)
No local, cliente encontra esfiha no sabor zatar com gergelim. (Foto: Alex Machado)

Quando a multinacional brasileira chegou na Avenida Afonso Pena, Zuhair já estava à frente do comércio e garante que na época nada mudou. O orgulho dele é que as esfihas seguem o estilo tradicional como sempre foram.

“Não atrapalhou a gente em nada, cada um tem um público. A nossa receita ainda é tradicional, à moda árabe mesmo. A nossa vem de mãe, pai para filho, lá da terra mesmo”, ressalta.

Do número 458, que é o da Confeitaria Árabe, a reportagem seguiu na Rua Sete de Setembro até o 744. Na esquina com a Rui Barbosa, o Thomaz Lanches começou numa portinha em 1978. José Thomaz Filho, o ‘Zezo’ é quem cuida da operação que começou com o pai.

No Thomaz Lanches, 'Zezo' segue mantendo a tradição do negócio iniciado em 1978. (Foto: Alex Machado)
No Thomaz Lanches, 'Zezo' segue mantendo a tradição do negócio iniciado em 1978. (Foto: Alex Machado)

Assim como a receita que continua a mesma, o sistema de atendimento segue na base da confiança, em que ninguém anota o pedido do cliente. Sobre o segredo para fazer uma boa esfiha, o empresário explica que na verdade são três virtudes.

“A gente tem algumas particularidades. Sempre digo que são três pilares: atendimento, qualidade do produto e confiança. Isso fez a gente se consolidar porque até hoje a gente consegue manter o mesmo nível”, diz.

Com a opinião de que cada empreendimento similar não é concorrente por ter o próprio espaço, ele fala que a popularidade da esfiha entre os moradores é reflexo do quanto a cultura cresceu junto com a cidade.

No espaço, cliente segue sistema da confiança em que pedido não é anotado (Foto: Alex Machado)
No espaço, cliente segue sistema da confiança em que pedido não é anotado (Foto: Alex Machado)

“Essa cultura dos libaneses, sírios, árabes no geral sempre foi muito forte. A cidade cresceu demais, então por conta disso também virou uma coisa tradicional na cidade e cheio de referências nesses sentido”, destaca.

A autônoma Cristina Lemos é uma apreciadora do salgado tradicional. Na visão dela, nem todas as esfihas da cidade são boas, porém em alguns negócios não tem como a experiência ser negativa.

“Não é qualquer lugar em Campo Grande que você come uma boa esfiha, mas o legal é que aqui todo lugar que tem um libanês, um árabe vendendo, você não perde dinheiro porque é bom. Não tem um lugar que seja ruim”, afirma.

Esfihas são feitas com tomate, queijo, presunto e rúcula com tomate seco (Foto: Alex Machado)
Esfihas são feitas com tomate, queijo, presunto e rúcula com tomate seco (Foto: Alex Machado)
Quem não gosta do salgado aberto encontra a esfiha fechada. (Foto: Alex Machado)
Quem não gosta do salgado aberto encontra a esfiha fechada. (Foto: Alex Machado)

No ano em que a multinacional abriu as portas pela primeira vez, ela conta que a propaganda não a convenceu no paladar e no bolso. “Na época que o Habib's inaugurou, as pessoas fizeram fila, muita gente comentou justamente isso: ‘Na terra da melhor esfiha, só campo-grandense para fazer fila e comer no habib's’. O campo-grandense pagava barato na esfiha para chegar lá e pagar R$ 10 no refrigerante. Era uma massa esfarelenta com um fiapinho de carne”, conta.

Casa de esfiha pra dar e vender - Nos últimos anos, o Lado B trouxe várias histórias de empreendimentos que apostaram na esfiha para ganhar dinheiro. Um desses exemplos é o da Giovanna Bispo Silva, que vende na Rua 13 de Maio, 2151, Centro, a receita que aprendeu com a avó.

Outra pessoa que decidiu reproduzir a receita feita por alguém muito especial foi a engenheira Ana Carla, que abriu o negócio de comidas árabes inspirada na mãe. Já no Bairro Vila Carlota, Ângela precisou de 15 tentativas para chegar no ponto ideal da esfiha, que é feita em versões doces e salgadas.

Quem também apostou no salgado para ter o próprio negócio foi Cláudio de Oliveira, que passou 28 anos no Exército antes de preparar a esfiha e outros salgadinhos com a esposa.

Conhece um lugar que faz uma boa esfiha? Comente nas nossas redes sociais.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Nos siga no Google Notícias