Macarrão de comitiva é legado de quem faz prato há 17 anos na cidade
No restaurante, Helinho mostra culinária pantaneira com arroz carreteiro, feijão gordo, mandioca e muito mais
Há 17 anos, Hélio Martins Lopes, de 62 anos, trouxe para Campo Grande um dos pratos mais expressivos da gastronomia pantaneira. O macarrão de comitiva é o carro-chefe do restaurante do homem que cozinha usando bota e chapéu de palha.
Ele começa a preparar o prato às 4h da manhã para dar conta de servir o público que chega a partir das 11h no restaurante Comitiva do Helinho. Enquanto toma tereré e espera o macarrão fritar, o proprietário diz orgulhoso que foi o primeiro na Capital a servir a refeição.
“Quem trouxe esse macarrão para Campo Grande fui eu há 17 anos. Eu sou o autor desse macarrão, fazia ele nas comitivas. Hoje tem bastante gente no mercado fazendo por aí, mas é fake, o original é meu”, afirma.
A receita de Helinho é simples, mas o segredo responsável pelo sabor único é o processo de preparo. Ele faz questão de elaborar o próprio sal e a linguiça de Maracaju, que é fatiada em pequenos pedaços para depois de frita ser misturada ao macarrão.
O macarrão pantaneiro não é caracterizado pelo excesso de ingredientes e Helinho explica o motivo. “É linguiça, alho, água e cebolinha depois de cortada você joga em cima. É porque a comida pantaneira, as comidas de comitiva você não usa cebola. O cara faz um almoço e se sobrou pra janta se tiver qualquer cebola, massa de tomate, qualquer coisa, azeda”, fala.
O prato, segundo Helinho, já foi experimentado por dezenas de turistas e levado para o Rio de Janeiro. “Esse macarrão eu já servi nas Olimpíadas no Rio de Janeiro. Eu fiz e eles Paulo Coelho Machado e Nelsinho levaram de avião. Na época eu fiz 50 quilos de macarrão e serviram no Mesa Brasil”, declara.
O começo do restaurante - Antes de ficar conhecido na cidade e ser chamado para cozinhar em eventos, ele revela o motivo de ter largado as comitivas e o começo no ramo de alimentação. “Era uma vida muito sofrida, sem futuro e eu precisava estudar meus filhos. Eu morava em Aquidauana e vim pra cá. Quando comecei em Campo Grande foi com espetinho”, relata.
No Bairro Vila Glória, o estabelecimento reflete a origem de quem durante 12 anos percorreu o Estado fazendo comitivas. O espaço aberto é composto por mesas, cadeiras e bancos de madeira personalizados com o nome da comitiva ‘A Queima do Alho’.
Nas paredes, os quadros de fotos mostram o passado em que Helinho vivia montando no cavalo conduzindo a boiada. Entre peões e na estrada, ele comenta que aprendeu cedo a cozinhar tudo que serve diariamente para os clientes.
“Eu não era cozinheiro, era dono de comitiva, mas toda vida gostei de cozinhar. Desde pequeno fui criado em fazenda já fazendo esse macarrão, aprendi com a vida. [...] Como fui criado em fazenda no Pantanal a minha gastronomia é pantaneira”, destaca.
A comida pantaneira de Helinho é preparada em grandes panelas de alumínio e no restaurante os clientes podem servir direto delas, seja para montar o prato feito, marmitex e self service. O macarrão de comitiva é feito diariamente no estabelecimento onde o proprietário também faz outros pratos.
O menu é variado, mas sempre com pratos típicos, como arroz carreteiro, feijão gordo, feijão tropeiro, batata doce caramelizada, mandioca, bife, costelinha, galinhada, porco frito e por aí vai. A salada tem o toque especial da filha de Helinho, Taina Elias Lopes.
Quem quiser conhecer o espaço e experimentar o macarrão pantaneiro, o restaurante Comitiva do Helinho está localizado na Rua Pedro Celestino, 354, Bairro Vila Glória. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 11h às 14h.
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