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Pare de atormentar o vegetariano! Ele não vai morrer sem carne

Muita gente esquece, mas alimentação sem carne não significa desnutrição, sofrimento ou uma dieta monótona

Por Clayton Neves | 20/03/2025 09:25
Pare de atormentar o vegetariano! Ele não vai morrer sem carne
Verduras expostas em banda de feira em Campo Grande. (Foto: Clayton Neves)

Todo vegano ou vegetariano já passou por isso: basta recusar um bife para ouvir “Mas você vai ficar fraco!”,  “Cadê a proteína?”. Sem contar as clássicas piadas prontas no churrasco que nem vale a pena citar.

O que muita gente esquece é que uma alimentação sem carne não significa desnutrição, sofrimento ou uma dieta monótona. Muito pelo contrário! Hoje, existem inúmeras alternativas que substituem a proteína animal, desde ingredientes naturais, como grão-de-bico, feijão e tofu, até hambúrgueres vegetais hiper-realistas.

Mas é claro, não basta só tirar a carne do prato e esperar que tudo fique bem. Para garantir uma alimentação equilibrada, é fundamental buscar acompanhamento nutricional. E quem reforça isso é a nutricionista e professora de nutrição Maria Tainara, que esclarece os principais mitos sobre o vegetarianismo.

“O vegetariano vai ficar doente?” Mito!

“A carne tem muitos nutrientes e proteínas de alto valor biológico, mas isso não significa que ela seja insubstituível. Diversos outros alimentos podem suprir essa necessidade dentro de uma dieta equilibrada”, explica.

Segundo ela, o segredo está na adaptação correta. “Se a pessoa procurar um profissional, ela pode ter uma alimentação saudável e completa sem carne. Com planejamento, é possível suprir todos os nutrientes de forma segura”, destaca.

A nutricionista também observa que a procura por uma alimentação mais sustentável tem crescido. “Cada vez mais pessoas buscam alternativas por diversos motivos: saúde, meio ambiente ou bem-estar animal. E a indústria já percebeu essa tendência, criando produtos que atendem essa demanda”, comenta.

Outro questionamento comum é se vegetarianos conseguem ganhar massa muscular. A resposta? Sim!

“O ganho de massa muscular depende de diversos fatores: o tipo e a intensidade do treino, a rotina alimentar e o consumo adequado de proteínas”, explica Maria. “Para os vegetarianos, é essencial garantir um maior consumo de proteínas vegetais, como feijão, ervilha, soja e oleaginosas”, acrescenta.

Além disso, existem suplementos de proteína vegetal que ajudam nesse processo. “A adaptação é totalmente possível e o desempenho não é comprometido”, reforça.

Uma das maiores preocupações de quem adota o vegetarianismo é a vitamina B12, encontrada naturalmente apenas em alimentos de origem animal.

Pare de atormentar o vegetariano! Ele não vai morrer sem carne
Maria Tainara é nutricionista e professora de nutrição em uma faculdade. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A vitamina B12 é essencial para o sistema nervoso, coração, imunidade e até a saúde da pele”, alerta Maria. “Vegetarianos precisam ficar atentos a essa deficiência e, muitas vezes, suplementar. Mas isso é simples e seguro quando feito com acompanhamento”.

Já o ferro, que também é associado à carne, pode ser encontrado em alimentos vegetais, como brócolis, couve e feijão. O segredo, segundo a especialista, é combiná-los com uma fonte de vitamina C (laranja, limão, goiaba), que melhora a absorção do mineral.

A estudante Luísa Barbieri, de 23 anos, decidiu parar de comer carne quando tinha apenas 13. “Sempre fui sensível à vida animal. Quando via porcos inteiros sendo assados em restaurantes, chorava. Foi uma decisão emocional”, conta.

Mas a transição não foi fácil. “Parei de um dia para o outro, o que não recomendo para ninguém. No início, fiquei perdida e acabei consumindo mais carboidratos porque não sabia o que comer”, lembra.

Seis meses depois, Luísa procurou um nutricionista. “Aprendi a equilibrar minha alimentação com mais leguminosas, verduras escuras e fontes de vitamina C para melhorar a absorção de ferro”, explica.

A longo prazo, os efeitos foram positivos. “Me sinto muito mais leve e bem-disposta. Nunca tive recaída e essa foi a melhor decisão que tomei”, garante.

Mas, mesmo depois de uma década sem carne, as piadinhas continuam. “Sempre dizem que vou desmaiar ou perguntam se eu ‘pelo menos como peixe’. Como se peixe não fosse um animal!”, brinca.

O que ela acha curioso é que “quem faz essas piadas geralmente nunca fez um exame de sangue”, observa. “Eu monitoro minha B12 e outros nutrientes regularmente. Já muitas dessas pessoas acham que carne resolve tudo e nunca checam a própria saúde”.

Pare de atormentar o vegetariano! Ele não vai morrer sem carne
Cliente seleciona tomates em supermercado de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

O Dia Mundial Sem Carne, comemorado nesta quinta-feira (20), é um convite à reflexão sobre os impactos do consumo de carne. Além da saúde, há questões ambientais envolvida.

Segundo Maria Tainara, essa conscientização tem levado cada vez mais pessoas a adotarem uma alimentação sem carne, seja parcial ou totalmente. “A produção animal contribui para o efeito estufa, e muitas pessoas também consideram o sofrimento animal. Esses fatores têm impulsionado mudanças no hábito alimentar de muita gente”, analisa.

No fim das contas, cada um escolhe o que faz sentido para si. Mas uma coisa é certa: ser vegetariano não significa ser fraco, nem viver à base de alface. O importante é respeitar as escolhas alheias – e, quem sabe, experimentar um prato vegetariano sem preconceito.

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