Portinha na Spipe Calarge esconde restaurante para quem gosta do Nordeste
O colorido das chitas nas toalhas de mesa chama atenção de quem tem a rua Spipe Calarge no trajeto. Por ali, um casal de nordestinos construiu um cantinho da terra natal em Campo Grande. A "Birosca" é um barzinho e restaurante para quem quer petiscar salgadinhos de carne seca, comer um Baião de Dois ou feijão verde, tudo servido na panela de barro.
As mesas ficam ao ar livre e o salão encanta nos detalhes caprichosos, preparados por Jaques Farias, de 43 anos, e Michele Farias, de 39, com a ajuda da filha, Yasmim. A mudança de ares fica garantida no cantinho de fotos com chapéus de cangaceiro e o fundo em desenhos de cordel, até a parede toda revestida de chita.
Dois lampiões a vela e um mandacaru também tratam de dar boas vindas aos fregueses. No som, sempre muito baião e forró. Mesmo com o espaço pequeno, o casal conseguiu imprimir ali um pouco da cultura nordestina. Da namoradeira ao balcão no estilo rústico.
E até o banheiro foi decorado com bom humor natural de quem nasceu por lá. Além do revestimento em chita, a parede tem um dicionário de “nordestinês”, com várias palavras do vocabulário cearense. Na frente do banheiro, a parede é para brincar, escrever literatura de cordel, ou até mesmo deixar um recado para quem passa por ali.
È tudo muito simples, mas de um cuidado que faz você se sentir em casa. A simpatia do casal já é motivo suficiente para escolher uma mesa e experimentar um dos quitutes das casa.
Faz pouco mais de um ano que Campo Grande virou a casa da família. Jaques e Michele são de Fortaleza (CE), mas já estavam morando na França há dois anos. Quando a mãe dele, que mora na Capital, ficou viúva, Jaques resolveu voltar para fazer companhia. Depois de um ano, buscou a esposa e a filha para montar o próprio negócio por aqui.
“Eu trabelhei em concessionária de veículos aqui, mas já tinha experiência em cozinha, porque trabalhei com isso na França. Pensei em abrir um barzinho tipico nordestino. Mas como a gente não conhecia ninguém, montamos tudo do nosso jeito”, comenta Jaques.
Cada item foi feito por eles de maneira artesanal. Foram seis meses de planejamento para abrir o local e dois meses para deixar tudo com a cara que eles queriam. Jaques mesmo criou o mascotinho da Birosca, e fez um adesivo com ele para presentar os clientes.
Os pratos servem quatro pessoas, mas nada de micharia. A porção é farta. “O pessoal se surpreende aqui, mas lá no Nordeste a gente gosta é de tudo muito bem servido”, justifica Jaques, com o sotaque que não esconde as origens. Na hora de dar o nome ao local, foi natural “Aqui é tão pequeno que parece uma Birosca”. E assim ficou.
O bom humor está presente até nos nomes do cardápio. A batata com bacon e queijo, por exemplo, ganha o nome de bata “Espilicute”, uma gíria nordestina para designar uma pessoa esperta. O Baião de Dois é chamado de “Baião Danadin”, e custa R$ 28,90. O “Arre Égua” leva a carne de sol preparada pela casa, macaxeira (a nossa mandioca), por R$ 32,90. O bolinhos de carne seca, uma dos campeões de pedidos, custa R$ 18,90.
Os garçons servem a carater, com chapéu de cangaceiro. Quem comanda a cozinha é Jaques, Michelle e Yasmim cuidam do atendimento. Tudo tem um ar familiar. A Birosca abre às 18h e fecha meia noite e fica na Rua Spipe Calarge, n° 1502.