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Sabor

Saltenha fez Saul sair da depressão e seguir tradição da família

Na pandemia, ele ficou desempregado, mas receita o ajudou com novo objetivo de vida

Jéssica Fernandes | 13/04/2022 08:40
Seguindo a receita tradicional, Saul faz saltenhas para encomenda. (Foto: Kísie Ainoã)
Seguindo a receita tradicional, Saul faz saltenhas para encomenda. (Foto: Kísie Ainoã)

A pandemia fez Saul Anez Salvatierra, de 56 anos, ficar desempregado por quase dois anos e, por esse motivo, ele desenvolveu um quadro depressivo. Desanimado e sem perspectiva de encontrar uma nova ocupação, Saul recorreu a família para aprender uma das receitas mais tradicionais e características da cultura boliviana. O salgado de massa agridoce recheado com frango, ovo, azeitona, batata, uva passa e especiarias trouxe ânimo e objetivo para Saul seguir em frente.

Em 2021, Saul começou a vender as saltenhas para os moradores de Campo Grande por R$ 7. Antes disso, ele sofreu um pouquinho para aprender a receita original da família com a tia Reinalda. A vontade de fazer tudo certo e com perfeição, segundo ele, foi o motivo para ele ter achado o processo complicado. "Demorou para eu pegar o jeito, porque  sou uma pessoa perfeccionista e precisa sair do jeito que quero. Eu aprendi com minha tia e até hoje ligo para o meu primo Arthur para pedir umas dicas”, conta.

A princípio, ele recebia diariamente em média 80 encomendas, mas viu a produção aumentar após um conhecido elogiar e indicar as saltenhas num grupo do Facebook. Ele comenta que não esperava ser reconhecido por algo que passou a fazer recentemente. “Eu sei fazer a saltenha hoje, mas achava que não iria saber fazer, pensava que não seria capaz, mas sou”, fala.

Saul fica emocionado ao falar sobre o processo de aprendizagem da receita. (Foto: Kísie Ainoã)
Saul fica emocionado ao falar sobre o processo de aprendizagem da receita. (Foto: Kísie Ainoã)

Natural de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, Saul cresceu em Corumbá e chegou na Capital ainda na infância. Ao lado da esposa Márcia Salvatierra, de 57 anos, ele trabalhava em um restaurante antes da pandemia. Na época, Márcia relata que o marido ficou desmotivado e vivia chorando. “Hoje, ele tá transformado, era difícil ver ele entristecido, choroso, mas hoje ele é outro homem. Tem dias que ele levanta antes de mim para fazer as coisas”, fala.

Com a nova rotina, Saul acorda cedo para comprar os ingredientes e preparar as saltenhas. Quando está na cozinha, ele fica tão focado no trabalho que não deixa nem a mulher entrar no cômodo para ajudar. É desse jeito que Saul faz de segunda a segunda as encomendas que encantaram os clientes fixos e atraíram novos fãs.

Para tentar agradar todo mundo, ele segue a receita legítima e defende que as que produz não tem nada a ver com algumas das encontradas no Centro de Campo Grande. “Tem uns que falam que fazem saltenha boliviana, mas eu vejo que não é. A massa é muito doce, parece aquelas de empada, então, cada um faz de um jeito diferente”, diz.

Saltenha é recheada com frango, uva passa, ovo, batata e temperos. (Foto: Kísie Ainoã)
Saltenha é recheada com frango, uva passa, ovo, batata e temperos. (Foto: Kísie Ainoã)

Animado, Saul espera criar no futuro uma saltenharia e expandir a produção. Assim como dois primos, que também vendem o salgado típico na cidade, ele quer dar continuidade ao negócio. “Eu pretendo ter um lugarzinho para ver minha saltenha, criar no Centro um negócio e, assim como o meu primo, também fazer saltenha de carne de sol e banana da terra”, revela.

Por ora, o vendedor aceita encomendas através do número de WhatsApp (67) 9.9223-6787. Saul não realiza entregas, então é necessário realizar a retirada das saltenhas no endereço dele até às 18h. Os clientes podem comprar a unidade do salgado por R$ 7 assado ou semiassado.

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