Exportações alavancam alta de 21,3% no valor da produção da silvicultura
Resultado refle a recuperação da atividade; destaque vai para carvão vegetal e madeira para papel e celulose
Após perda de 5,0% em 2019, o valor de produção da silvicultura (florestas plantadas) retomou o crescimento com alta de 21,3% e atingiu R$ 18,8 bilhões em 2020. Os dados são da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2020, divulgado pelo IBGE.
O resultado da silvicultura é considerado uma recuperação da atividade, com destaque para o aumento no valor de produção do carvão vegetal (37,8%) e a produção de madeira em tora para papel e celulose (25,6%). Segundo o gerente de agricultura, Carlos Alfredo Guedes, houve grande demanda e consequente aumento nos preços em 2020, num cenário em que os produtos brasileiros se tornaram atraentes para o mercado externo, devido ao câmbio favorável.
A produção de madeira em tora para papel e celulose, que havia sofrido perda de 14,2% em 2019, cresceu 10,7% e fechou o ano de 2020 ocupando o sétimo lugar no ranking das exportações totais do Brasil, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Com o aumento de 25,6%, o valor da produção alcançou R$ 5,8 bilhões e continua sendo a maior participação no valor da silvicultura.
O carvão vegetal, segundo lugar no valor da produção da silvicultura, com R$ 5,4 bilhões, tem seu crescimento explicado pelo aumento dos preços, já que a produção cresceu apenas 2,7%. Com a alta na demanda da China pelo ferro-gusa, a indústria siderúrgica, principal mercado consumidor de carvão vegetal, se voltou para a exportação.
“Boa parte dos produtos da silvicultura é exportada. Com a desvalorização do real frente ao dólar, fica mais barato para os países comprarem os produtos do Brasil. Esta questão cambial acaba influenciando no valor de produção, pois o aumento do dólar torna o produto mais caro no mercado interno”, explica Guedes.
Na extração vegetal, destaque para crescimento no valor do pequi (122,7%) e pinhão (44,5%)
Entre os produtos da extração vegetal, açaí e erva-mate continuam na liderança. Com uma produção de 220,5 mil toneladas, o açaí teve crescimento de 17,8% no valor da produção, que atingiu R$ 694,3 milhões. É o produto com a maior participação (46,3%), em termos de valor, nesse grupo. Já o valor da erva-mate atingiu R$ 559,7 milhões, um aumento de 38,8% na comparação com 2019.
Os principais municípios no ranking de valor de produção mostram, no topo, Limoeiro do Ajuru, no Pará, o maior produtor nacional de açaí extrativo, respondendo sozinho por 19,5% do total nacional. Em segundo lugar, Colniza, no Mato Grosso, é líder na extração vegetal de madeira em tora. Cruz Machado, no Paraná, é o maior produtor de erva-mate e concentra 15,5% do total nacional, seguido por São Mateus do Sul e Bituruna.
Entretanto, o destaque ficou por conta do crescimento do pequi, com um aumento de 127,9% no volume e 122,7% no valor da produção. Os principais estados produtores são Minas Gerais, que respondeu por 51,8% do volume nacional, e Tocantins, com 39,7%. “O pequi passou a ter outras formas de comercialização agregando valor: polpa, conserva, castanha, óleo, farinha, etc. Isso fez com que a cultura atingisse novos mercados”, comenta Alfredo Guedes.
O pesquisador explica ainda outro fator: a política de garantia de preços mínimos dos produtos da sociobiodiversidade, o que incentiva a coleta do fruto. O pinhão, que se destacou entre os produtos não-madeireiros da extração vegetal, também está incluído nesse programa do governo. Houve aumento tanto em volume (13,1%) quanto em valor (44,5%).