ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUARTA  13    CAMPO GRANDE 24º

Lado Rural

Preço da arroba do boi gordo despenca 12,6% desde abril em MS

Valor do animal magro também é arrastado para baixo e compromete a reposição

José Roberto dos Santos | 25/11/2022 16:20
Bovinos em propriedade rural sul-mato-grossense; valor da arroba oscila entre R$ 254,00 e R$ 259,00 em MS. (Foto: Arquivo/Semagro-MS)
Bovinos em propriedade rural sul-mato-grossense; valor da arroba oscila entre R$ 254,00 e R$ 259,00 em MS. (Foto: Arquivo/Semagro-MS)

O preço da arroba do boi gordo caiu 12,6% nos últimos oito meses. Desde o final de março deste ano, a cotação do animal para abate vem operando abaixo da casa dos R$ 300,00 a arroba. Em novembro, todas as expectativas de recuperação do preço se frustraram, boa parte devido à pressão sofrida pela maior oferta de animais.

Hoje, segundo a Scot Consultoria, a média paga pelos frigoríficos em Mato Grosso do Sul é na casa dos R$ 259,00 (Campo Grande e Dourados), com a arroba em Três Lagoas cotada a R$ 254,00.

Segundo o pecuarista Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) houve uma sensível diminuição das exportações nesse período. Além disso, neste último mês houve uma pressão por parte da China para baixar o preço da carne bovina. Em janeiro, a proteína nacional foi embarcada ao país asiático ao preço médio de US$ 6,25 o quilo. Os valores passaram a cair mês a mês, chegando a US$ 6,14/kg em outubro, ou seja, o menor deste ano.

Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), já mostrados aqui pela coluna Lado Rural, publicados no início de novembro, indicam que o Brasil embarcou para a China em outubro 188,56 mil toneladas de carne bovina in natura, queda de 7,3% frente a setembro/22.

Guilherme Bumlai, pecuarista e presidente da Acrissul: "antecipação de animais confinados ao abate aumentou a oferta e puxaram os preços". (Foto: José Roberto dos Santos)
Guilherme Bumlai, pecuarista e presidente da Acrissul: "antecipação de animais confinados ao abate aumentou a oferta e puxaram os preços". (Foto: José Roberto dos Santos)

Soma-se a isso, afirma o ruralista, o fato de que a demanda internacional por carne bovina vem caindo. "É a lei de oferta e procura. Houve uma antecipação do abate de animas de confinamento, aumentou a oferta e isso obrigou um alongamento nas escalas por parte da indústria, derrubando os preços", analisa ele. Nesse momento o setor envia para o abate animais criados a pasto, mas a oferta também é limitada.

Viés baixista afeta a reposição

Já os preços do bezerro há praticamente sete semanas, segundo Indicador do Bezerro ESALQ/BM&FBovespa, fecha nas casas de R$ 2.300/cabeça e de R$ 2.400,00.

Diante disso, cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ) mostram que a relação de troca atual é a pior ao pecuarista em 2022. Na parcial de novembro, o produtor que faz terminação precisa de 8,68 arrobas de boi gordo paulistas para a compra de um bezerro em Mato Grosso do Sul, 5% a mais que no mês anterior.

Até então, o momento mais desfavorável ao pecuarista neste ano havia sido registrado em janeiro, quando foram necessárias 8,59 arrobas de boi gordo para fazer a reposição. A média da relação de troca deste ano está em 8,35 arrobas, evidenciando o atual momento desfavorável.

Todas as comparações foram realizas em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI).

Nos siga no Google Notícias