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Meio Ambiente

A partir de agora, Capital terá de conviver com poluição do ar, diz especialista

O ano de 2024 teve o primeiro registro de qualidade do ar descrita como "péssima" na Capital

Por Lucas Mamédio | 18/10/2024 06:30
Horizonte esfumaçado em Campo Grande em setembro (Foto: Juliano Almeida)
Horizonte esfumaçado em Campo Grande em setembro (Foto: Juliano Almeida)

O campo-grandense sempre se orgulhou de morar numa capital com ótima qualidade do ar, uma percepção baseada na fama de cidade arborizada e com grandes parques.

RESUMO

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A qualidade do ar em Campo Grande, em 2024, atingiu níveis alarmantes, com a cidade frequentemente coberta por fumaça devido a queimadas, especialmente nos meses de agosto, setembro e outubro. O professor Widinei Alves Fernandes, coordenador do projeto QualiAr, destacou que a condição do ar foi classificada como "péssima" pela primeira vez, com apenas cinco dias de qualidade "boa" em setembro. A situação é uma tendência preocupante, com previsões de que esses eventos de poluição se repitam nos próximos anos, exacerbados pela seca e mudanças climáticas. Além disso, o Pantanal enfrentou uma devastação sem precedentes, com um aumento de 2.306% na área queimada em comparação aos últimos cinco anos, afetando gravemente a biodiversidade e os recursos naturais da região.

Porém, a partir de agora, é preciso se acostumar com outro cenário, completamente oposto. A cena do horizonte tomado por fumaça que esconde prédios em Campo Grande "veio para ficar”. É o que afirma o professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e coordenador do projeto QualiAr, que monitora a qualidade do ar na Capital, Widinei Alves Fernandes.

A qualidade do ar em Campo Grande em 2024, principalmente nos últimos meses de agosto, setembro e agora outubro, foi o pior período já enfrentado. “Nessa última semana passada e quando tivemos esse último evento da fumaça, nós chegamos na condição 'péssima'. Nunca antes tínhamos encontrado essa condição de péssima”, explicou ele.

Até então, os piores índices registrados na Capital foram “ruim” e “muito ruim”. Em setembro foram apenas cinco dias com a qualidade o ar considerada “boa”. Ainda conforme Widinei, isso é uma tendência.

“Tivemos também em agosto episódios com qualidade do ar fora do recomendável. Então desse período de agosto para cá, a população não só de Campo Grande, como do oeste do Estado, ficou exposta a nível de poluentes que a gente não está acostumado e realmente isso é uma tendência, ou seja, isso deve se repetir para os próximos anos”.

Outubro começou como terminou setembro: Campo Grande encoberta pela fumaça. (Foto: Henrique Kawaminami)
Outubro começou como terminou setembro: Campo Grande encoberta pela fumaça. (Foto: Henrique Kawaminami)

O professor explica que sempre que há uma massa de ar fria no entorno nas regiões de queimadas, como na Bolívia ou Pantanal, a fumaça pode ser deslocada para Campo Grande, através de um corredor formado pelo fenômeno.

“Em 2024, nós nunca vimos, em 2023 nós só tivemos episódios atingindo o nível de ruim, já em 2022 e 2021 nós tivemos uma condição muito ruim, mas foi por poucos períodos", disse o professor.

Agora a equipe do QualiAR prepara um relatório informativo a partir de novembro, quando começam as chuvas com calendário para levantar quais são os períodos com a qualidade boa, moderada, ruim, muito ruim e péssima para avisar a população..

“É importante ter em mente a relevância desse monitoramento que a gente faz, de divulgar para a população qual é o grau de exposição que ela tem com relação a esses poluentes, a nossa ideia também é sempre quando tiver a possibilidade dessa chegada dessa fumaça um pouco mais densa para avisar a população com antecedência, porque justamente quando está nessa condição muito ruim já é indicado que toda a população vai ser afetada por essa fumaça, então deve se já usar essas máscaras", explica.

Como já dito por Widnei, esses eventos de clima esfumaçado tendem a se repetir nos próximos anos, nos mesmos períodos, porque são meses com pouca chuva.

“Então, provavelmente nos próximos anos, nós vamos ter de novo esses longos períodos de seca, que favorece bastante a ocorrência de incêndios, dessas queimadas, e elas ocorrendo novamente, provavelmente voltam a nos atingir. Então é importante essa conscientização, é importante avisar desse risco, que provavelmente nós teremos novamente um período seco nos próximos anos, e que vai depender da consciência da população, da fiscalização, para que essas queimadas não ocorram. Mas ocorrendo essas queimadas, provavelmente nós seremos impactados novamente”.

Fumaça vinda das queimadas encobrindo o céu de Campo Grande
Fumaça vinda das queimadas encobrindo o céu de Campo Grande

Devastação -  O Pantanal enfrentou uma devastação sem precedentes em 2024. Entre janeiro e setembro, o bioma sofreu um aumento de 2.306% na área queimada, comparado à média dos últimos cinco anos. No total, 1,5 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo, dos quais 318 mil hectares apenas no mês de setembro, revelando o impacto dramático das mudanças climáticas e da seca extrema na região.

De acordo com o Monitor do Fogo, divulgado pelo MapBiomas na última sexta-feira (11), 92% das áreas queimadas no Pantanal em setembro eram de vegetação nativa, mostrando a intensidade da devastação em um dos ecossistemas mais frágeis do mundo. A seca severa e a intensificação das mudanças climáticas contribuíram para o avanço descontrolado das chamas, que ameaçam a rica biodiversidade e os recursos naturais da região.

 Os incêndios florestais se espalharam por todo o Brasil em 2024, atingindo um total de 22,38 milhões de hectares – uma área equivalente ao estado de Roraima. O aumento é impressionante: 150% maior que no mesmo período de 2023, quando 8,98 milhões de hectares foram queimados. Só em setembro, 10,65 milhões de hectares foram devastados, quase metade de toda a área afetada nos oito meses anteriores.

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