Tudo cinza: início de outubro tem ainda mais fumaça que setembro na Capital
Ainda que as recomendação sejam contrárias, tem quem insista em fazer atividade física ao ar livre
Um dia "boa", outro dia "moderada" e depois, "muito ruim". Conforme chegam e desaparecem as nuvens cinzas de fumaça emitidas por grandes incêndios, a qualidade do ar oscila e mexe com a saúde.
Entre ontem (7) e hoje (8), uma pluma tomou conta do céu de Campo Grande, repetindo o que aconteceu na tarde de 3 de outubro e aparentando ser ainda densa em comparação a várias datas do mês de setembro – o pior mês em termos de qualidade do ar desde 2021, segundo análise da Estação de Qualidade do Ar da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
O aposentado Enio Ortega da Silva, 65, chegou de viagem ontem à noite e se deparou com o tempo esfumaçado voltando para casa. Mesmo assim, manteve o costume de caminhar pela manhã no Parque Ayrton Senna, que fica no Bairro Aero Rancho.
"A fumaça atrapalha a respiração, então, eu tento não forçar muito", diz sobre a atividade física.
Além de respirar um ar classificado como "muito ruim" nesta manhã, segundo a estação, o aposentado ainda enfrenta uma variação climática. "Estava viajando para o Sul e lá está frio. Chego aqui, está muito quente e tem essa situação complicada da fumaça", comenta.
A manicure Santa Noemi da Rocha, 55, estava no mesmo parque fazendo ginástica ao ar livre. Ela explica que insiste em se exercitar mesmo com a fumaça porque precisa seguir recomendação médica.
"Hoje estou me sentindo mais cansada, com bastante dificuldade para respirar e a garganta mais seca que o normal. Por isso, faço tudo com mais calma", relata a mulher.
O Ministério da Saúde faz recomendações para que a população se proteja da exposição às partículas presentes na fumaça. Entre elas está, justamente, evitar atividades ao ar livre. Outras são aumentar a hidratação; permanecer em ambientes fechados; usar filtros de ar, ar-condicionado e ventiladores para melhorar o desconforto; e usar máscaras para reduzir a inalação se tiver que sair de casa.
Incêndios - De ontem para hoje, Mato Grosso do Sul registrou 70 focos de calor, segundo monitoramento via satélite do programa BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Eles não necessariamente se tornam incêndios, mas têm o potencial.
O Corpo de Bombeiros trabalhou na identificação e no combate do total de 22 até a noite de ontem, apenas no Estado. Pelo menos três deles foram registrados em fazendas: uma na da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a cerca de 40 quilômetros da Capital, outra em Aquidauana e a terceira de propriedade da empresa Arauco, em região do município de Paranaíba.
A nuvem de fumaça que está no céu agora fez o índice de qualidade do ar cair para "muito ruim" em Campo Grande, conforme boletim da Estação de Qualidade do Ar da UFMS.
Em Corumbá, a população também vê o céu esfumaçado desde ontem.
Superam Mato Grosso do Sul em registro de focos de calor nas últimas 24 horas, Minas Gerais, Rondônia, Acre, Amazonas, Piauí e Bahia. Além disso, a Bolívia segue enfrentando incêndios intensos, que atravessam a fronteira com o Brasil. Paraguai é outro país de onde é emitida muita fumaça, de acordo com imagens capturadas do Espaço pela plataforma Zoom Earth. Ventos podem estar carregando a fumaça emitida por essas queimadas para Mato Grosso do Sul, além de distribuir o que é lançado para atmosfera dentro do próprio Estado.
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