Adubo produzido a partir de usina na Ceasa será usado em hortas urbanas
Central produz aproximadamente 100 toneladas de resíduos por mês, das quais 80 toneladas de matéria orgânica
“Não vai mais se usar a palavra lixo”, resumiu o diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), André Nogueira Borges, ao comentar sobre a usina para tratamento de resíduos da Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. A unidade foi inaugurada nesta terça-feira (10).
A central produz aproximadamente 100 toneladas de resíduos por mês. A maior parte, 80%, de material orgânico, como restos das frutas, verduras e legumes comercializados. Segundo Borges, os restos serão processados e transformados em adubo orgânico. Cerca de 10% do fertilizante será destinado para hortas urbanas da Capital.
A usina funciona há dois meses – o primeiro sob regime de teste. O local conta com setor para triagem, onde o material orgânico é separado do restante. Conforme o diretor-presidente da Agraer, 17% dos resíduos na Ceasa são madeira dos caixotes utilizados. O restante, 3%, somam papel, papelão e plástico.
Todo o material será reaproveitado. As 17 toneladas mensais de madeira vão se transformar em fonte energética para combustão. Até o funcionamento da usina, o lixo produzido na Ceasa era levado para o aterro sanitário de Campo Grande.
Presente na inauguração, o titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, disse que o desenvolvimento da usina se deu a partir do arrocho na legislação municipal, que responsabiliza grandes geradores a descartar seu próprio lixo.
“A prefeitura passou na frente e começou a cobrar destes grandes geradores”, destacou. Segundo ele, o projeto foi viabilizado ao somar os resíduos produzidos por todas as empresas que operam na Ceasa. “São as empresas que descartam alimentos, não é a Ceasa. Se pegássemos cada empresa, não se enquadrariam na legislação”.
Quem também conferiu de perto a nova unidade de reaproveitamento foi o titular da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia), Herbert Assunção. Para ele, a usina “muda o conceito de sustentabilidade da Ceasa”.
Contratadas – A coleta dos resíduos será feita por duas empresas, Colecta e Organoeste. O material recolhido pela primeira será encaminhado à Organoeste, para ser tratado pelo método de compostagem com uso de biotecnologia. A técnica envolve controle diário de temperatura e odor para a produção do adubo.
Situada na Mata do Jacinto, região norte de Campo Grande, a usina foi batizada de Elúsio Guerreiro de Carvalho – médico veterinário e ex-diretor-presidente da Ceasa, que morreu em julho deste ano.