Antes de morrer atropelada, mãe tamanduá deixou lição a pesquisadores
Dos 90 tamanduás-bandeira monitorados desde 2017, no Cerrado de MS, apenas 20 seguem vivos
A vida da tamanduá-bandeira Spätzle, de 7 anos, foi cessada na última terça-feira (25). Ela era monitorada desde 2021 pelo projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) e foi mais uma vítima de colisão veicular nas estradas de Mato Grosso do Sul.
Os pesquisadores que acompanharam o desenvolvimento deste indivíduo da espécie registraram cenas incríveis e decidiram fazer uma homenagem contando sua história. Durante a trajetória foi possível aprender muito sobre maternidade, já que Spätzle teve quatro filhotes enquanto usava o colar de monitoramento: Mark, Nino, Leni e Jane.
“Recebemos o sinal de mortalidade do colar de mais um animal que monitoramos: a Spätzle, uma tamanduá-bandeira muito especial e que o projeto vinha acompanhando desde 2021. Com ela, aprendemos muito sobre o comportamento da espécie, movimentação, alimentação e uso da paisagem para sua sobrevivência”, ressaltou o instituto.
A espécie é uma das mais vitimizadas por colisões veiculares aqui em Mato Grosso do Sul. “Um acidente com um tamanduá-bandeira coloca em risco a espécie, mas também vidas humanas. Assim, medidas mitigatórias são necessárias e urgentes aqui em nosso estado”, completou a publicação.
Desde que o ICAS começou o projeto, em 2017, foram 90 tamanduás-bandeira monitorados no Cerrado de Mato Grosso do Sul. Desse número, só 20 estão vivos e sendo monitorados. "Nem todos morreram de colisões veiculares, mas a grande maioria sim", enfatizou.
No período de maio de 2023 a abril de 2024, o instituto realizou 24 campanhas de monitoramento no trecho de Campo Grande até a Ponte do Rio Paraguai, na BR-262. A iniciativa é voltada para compreender e propor medidas de mitigação visando a redução de colisões entre veículos e fauna silvestre nas estradas sul-mato-grossense.
A cada campanha foram encontrados entre 90 e 200 animais vítimas de colisões veiculares, sendo no total 2300 animais em apenas um ano. “O primeiro fato que podemos afirmar é que todos os grupos são afetados: mamíferos, aves, anfíbios e répteis. O segundo é que, dentro do grupo dos mamíferos, os tatus e tamanduás, que fazem parte da ordem dos xenarthras, representam o maior número de vítimas. Foram mais de 200 tamanduás, mirins e bandeiras, que foram encontrados pela equipe nesse último ano”, acrescentou o ICAS.
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