Apesar das chuvas, Pantanal deve ficar sem cheia pelo quarto ano consecutivo
Mesmo com melhora no nível do Rio Paraguai, ainda é cedo para indicar uma normalidade no bioma pantaneiro
Maior planície alagável do planeta, o Pantanal atravessa períodos críticos nos últimos anos. Mesmo com o aumento no volume de chuvas registradas nos últimos dias, o bioma ainda deverá ter problemas decorrentes da escassez de chuva que atinge a região nos últimos anos e ficar sem a famosa cheia pelo 4º ano consecutivo.
A última cheia do Rio Paraguai foi em 2018, quando o rio atingiu o pico de 5,35 metros. Com chuvas mais escassas, o período de seca, que geralmente acontece entre maio e setembro, tem se estendido ao longo do ano e a falta de uma grande cheia pode acarretar problemas para a região pantaneira, pois as áreas úmidas abrigam várias espécies que só vivem nestes lugares específicos.
“São regiões essenciais para os anfíbios, répteis e para as aves migratórias, que dependem desses locais para reprodução e migração, além de ajudar na redução das mudanças climáticas, pois estes ambientes retiram quantidades significativas de carbono do ar”, explica o gerente de Recursos Hídricos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Sampaio.
De acordo com o SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil), as chuvas registradas no Rio Paraguai desde outubro de 2021 vêm apresentando maiores volumes e constância, porém ainda é cedo para afirmar que a planície voltará ao nível considerado ideal, por conta das grandes estiagens dos últimos anos.
“Isto já é um grande diferencial, entretanto, ainda é inoportuno afirmar que será o suficiente para uma recuperação plena do nível do Rio Paraguai, tendo em vista os baixos níveis registrados ao longo dos últimos três anos”, alerta o pesquisador do SGB, Marcelo Parente Henriques.
Registros do Imasul apontam que nesta semana, o Rio Paraguai vem apresentando a tendência de elevação em Ladário e em Porto Murtinho, entretanto, os níveis registrados ainda estão na zona considerada mínima, sendo registrado até ontem (3), 210 centímetros em Porto Murtinho e 125 centímetros em Ladário.