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Meio Ambiente

Após 12 anos, prefeitura começa a adotar ações para proteger Lajeado

Viviane Oliveira | 21/07/2013 10:16
Antônio mostra o córrego que ainda não teve ações de proteção ambiental adotada pelo poder público (Foto: Cleber Gellio)
Antônio mostra o córrego que ainda não teve ações de proteção ambiental adotada pelo poder público (Foto: Cleber Gellio)

Doze anos após a criação, a Prefeitura de Campo Grande começa a implementar as medidas para proteger a Área de Proteção Permanente (APA) do córrego Lajeado, em Campo Grande. Previsto para ser adotada em 2006, cinco anos após, o plano de manejo só começa a ser implementado neste mês. Há um ano, a Justiça deu prazo de 90 dias para a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) iniciar as ações para proteger a área e até embargou todos os empreendimentos imobiliários no entorno.

Em julho do ano passado, a Justiça concedeu liminar determinando que a prefeitura de Campo Grande publicasse, no prazo de três meses, o plano de manejo e o Zoneamento Ambiental da Área de Proteção Permanente do Lajeado. Em caso de descumprimento, a multa diária seria de R$ 1 mil. A APA do Lajeado é a segunda maior produtora de água do município.

Na ação civil pública, o MPE (Ministério Público Estadual) alegou que a área de proteção ao córrego foi criada por decreto desde 2001, sendo inexplicável a omissão do município. A concessionária Águas Guariroba anunciou o uso dos recursos ali existentes por parte de empresas e propriedades rurais instaladas no local, comprometendo o abastecimento e o consumo.

Na ação, a prefeitura informou que estão sendo feitos estudos sobre plano de manejo, em fase final de discussão. Para o juiz da Vara dos Direitos Difusos, Coletivos, Individuais e Homogêneos, Amaury Kuklinski, a demora na publicação do Plano de Manejo causou danos. Em 2001, o decreto dava prazo de cinco anos para elaboração do plano.

InícioA Semadur convidou cerca de 100 proprietários rurais, que moram em área de proteção, para reunião na sexta-feira (26), às 8h, no Centro de Educação Ambiental Polonês na rua Corveta, nº 141, no bairro Carandá Bosque. A convocação foi publicada no Diário Oficial do Município na última terça-feira (16).

Por conta das erosões em terrenos que estão desmatados, a Prefeitura quer que os moradores iniciem processo de adequação ambiental. Ao longo dos anos a ocupação nas áreas de preservação resultou em degradação na Bacia Hidrográfica do Córrego Lajeado. Por conta disso, a qualidade e a quantidade das águas destinadas ao abastecimento da cidade acabou comprometida.

Apesar de não ter sido comunicado sobre a reunião, o casal de idosos Antônio Clarindo da Silva, 83 anos, e Maria Aparecida dos Santos, 70, moram há 2 anos às margens do Lajeado localizado na rua Dolores Duran, no Recanto das Palmeiras, região do bairro Universitário.

Os dois relatam que tem noção de que moram em uma área verde e  por isso fazem o possível para preservar o local. “Enquanto tivermos aqui, vamos contribuir com o meio ambiente”, diz o aposentado Antônio, acrescentando que na área de 2.440 metros moram, além do casal, mais nove pessoas.

Antônio mora há 2 anos na beira do córrego.  (Foto: Cleber Gellio)
Antônio mora há 2 anos na beira do córrego. (Foto: Cleber Gellio)

Durante a reunião, que terá a participação da 42ª Promotoria de Justiça de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo, os moradores também serão orientados sobre a criação de animais.

Como é o caso de Antônio que cria na propriedade porcos e aves.“Todo mundo que chega aqui fica encantado com o lugar. Meu sonho sempre foi morar em beira de córrego”, finaliza o idoso.

Ao contrário do vizinho Antônio, a zeladora Mônica Adriana Soares, de 35 anos, quer mesmo que seja cumprida a promessa da Prefeitura de passar uma avenida no local, que vai dar acesso ao bairro Moreninha.“Aqui tudo é longe, creche, farmácia e escola. Para pegar o ônibus a gente precisa caminhar um bom pedaço”, reclama.

A microbacia do Lajeado fica no Sudoeste da cidade, que abrange parte dos bairros: Centenário, Lajeado, Los Angeles, Centro Oeste, Alves Pereira, Moreninha, Universitário, Rita Vieira, Tiradentes, Maria Aparecida Pedrossian, Chácara Cachoeira, Veraneio e Noroeste.

O córrego é o principal responsável pelo abastecimento de Campo Grande. A água retirada dele é levada para a estação, onde passa por tratamento que inclui fases de decantação da sujeira, filtragem e adição de cloro e flúor. Depois disso, a água vai para reservatórios e é distribuída pela rede de abastecimento.

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