'Caixa corta-fogo' é alternativa para prevenção de incêndios
Projeto recebe recursos da Fundect e tem o prazo de dois anos para entrega de resultados
Projeto da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) pretende ser uma alternativa para a prevenção de incêndios no bioma Pantanal. Criado pela professora de Geografia Ana Carolina Torelli Marquezini Faccin, o projeto é intitulado 'A Caixa Corta-Fogo: Uma estratégia para a diminuição dos incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul".
Ela é docente e pesquisadora no Campus Pantanal da instituição federal em Corumbá, distante 428 km de Campo Grande. Esse projeto foi contemplado com recurso estaduais da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) específico para pesquisadoras mulheres. O prazo para conclusão é de dois anos.
A professora explicou o projeto que terá mais atenção para as áreas rurais. Ana Faccin ressaltou que a caixa corta-fogo será um cubo de cerca de um metro de altura oco. O material deve ser metal resistente ao fogo. O objetivo é que moradores de assentamentos, ribeirinhos e quem vive na zona rural possa queimar o lixo em local adequado.
Riscos - A motivação vem para ser uma alternativa e evitar que queima local de lixo se espalhe e se torne um incêndio florestal. "Vale observar que muitos locais na zona rural não contam com recolhimento de lixo. Essa população não tem acesso à coleta regular. Assim, acabam queimando", afirma.
A pesquisadora informa que a diferença entre queimadas e incêndios fica no controle por parte de quem promove. "A queimada é um dispositivo legal que permite o dono de uma área fazer limpeza. Quando foge do controle, vira incêndio".
Os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) via plataforma BDQueimadas mostram que foram registrados 227 focos em 2023 até o dia 27 deste mês de julho no bioma Pantanal. Os municípios de Corumbá (163 focos); Rio Verde de Mato Grosso (29 focos) e Aquidauana (25 focos) lideram os números.
Em relação ao projeto da caixa, a professora explicou que a Fundect dá o prazo de dois anos para execução. No momento, houve somente algumas pesquisas de campo e a criação de um protótipo.
O apoio é fundamental para a execução do projeto, Ana Faccin destacou que algumas instituições locais como o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e Ibama (Instituto Nacional de Meio Ambiente) declararam apoiar a ação. "Várias instituições juntas no mesmo projeto para conseguir chegar. Se tiver uma comunidade ribeirinha para levar de barco, há a promessa do Ibama de apoio".
Ajuda de recursos - De acordo com o edital da Fundect, a pesquisadora receberá R$ 81 mil. Ela disse que com esse recurso será possível ter bolsistas e apoio de mais pessoas na execução. Ana espera ter dois bolsistas de extensão para contato com as pessoas e mais dois de apoio.
A professora ressaltou que o incentivo é bem-vindo para as pesquisadoras. "É importante porque nos dados a gente vê que as mulheres chegam na graduação em maior número, mas quando a gente olha para a pós-graduação com mestrado, doutorado e carreira, aí o número inverte".
É muito bom esse incentivo, que é um edital próprio para mulher, porque daí a gente consegue uma maior paridade nos números. É muito importante um edital desse", destacou Ana.
Formada em Geografia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pós-graduada na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), ela é concursada e docente na UFMS. Natural de Americana (SP), interior de São Paulo, Ana Faccin estuda as vulnerabilidades dos biomas, entre eles, o Pantanal.
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