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Meio Ambiente

Chuva não dá conta e fogo persiste no Pantanal, Taquari e Ilha Grande

São cerca de 400 trabalhando em três pontos distintos para tentar controle o fogo

Paula Maciulevicius Brasil | 23/09/2020 13:09
Bombeiros registram grande foco de incêndio na Serra do Amolar (Foto: Divulgação)
Bombeiros registram grande foco de incêndio na Serra do Amolar (Foto: Divulgação)

A chuva não deu conta. Os incêndios retornam com força no Pantanal. Bombeiros seguiram agora cedo para a Serra do Amolar, um dos redutos mais preservados do Pantanal. Lá as chamas ameaçam casas de ribeirinhos e patrimônio indígena. Na região do Taquari, ainda persiste outro foco e no Parque da Ilha Grande, em Naviraí, começou um novo incêndio.

Apesar de tantas chamas pelo Estado, o porta-voz de quem está no combate fala que "o pior já passou". "Agora a situação está bem mais tranquila em relação ao que já esteve com a estiagem. Ainda tem mobilização de muita gente nos focos da Serra do Amolar e do Parque do Taquari, esperando que melhore, mas a chuva já ajudou. Temos três focos de incêndio no Estado", diz o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Fernando de Almeida Carminatti.

Em números, são 356 homens trabalhando, divididos em três operações: Pantanal II, Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari e Parque da Ilha Grande, este o mais recente. O trabalho dos bombeiros conta com um helicóptero, três aeronaves, além de embarcações, caminhões de combate à incêndio, caminhonetes e caminhões para transporte de tropa.

Serra do Amolar - A região conta com reforço do Corpo de Bombeiros com mais 12 militares para intensificar o combate ao incêndio na Barra do São Lourenço, complexo da Serra do Amolar, que ameaça casas dos ribeirinhos e a escola para onde as famílias resgatadas foram levadas. Na noite de ontem e na madrugada de hoje, os bombeiros não registraram nenhum outro resgate, já que a área da pequena comunidade conhecida como Nova Morada da Barra do São Lourenço, que é uma extensão da Barra do São Lourenço, já havia sido evacuada para a proteção da população e de suas moradias.

"O fogo ainda não foi controlado, a carga de incêndio está bastante grande...", diz o tenente Pedro em relato ao setor de comunicação dos bombeiros. No momento, as equipes fazem o combate e monitoramento do incêndio que avança em direção às casas e à escola da comunidade, onde as famílias estão alojadas.



Após monitoramento por imagens de satélite, os bombeiros decidiram enviar reforços para a região com militares do 3º Grupamento de Bombeiros Militar de Corumbá e também do Paraná, que estão sendo levados pela Marinha no Navio Patrulha Paraguassu. No local, já estão mais de 50 homens, entre brigadistas e bombeiros que trabalham dia e noite para apagar os incêndios.

"É um contingente de 20 militares, mais 28 brigadistas do PrevFogo/Ibama (Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), quatro do Parque Chico Mendes e mais os brigadistas do Instituto do Homem Pantaneiro trabalhando diretamente, fora as equipes da Marinha que estão no deslocamento e os bombeiros de Corumbá que estão mandando material", explica o sargento do Corpo de Bombeiros Carlos Alberto.

Na corporação há 15 anos, o sargento está em Corumbá desde que se formou como bombeiro. "O sentimento de ver todo esse patrimônio, nosso quintal, pegando fogo é de uma tristeza muito grande, mas que nos encoraja a fazermos o melhor".

Os militares da região estão trabalhando em escala de sobreaviso para dar andamento aos trabalhos caso chamados.

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Queimadas - O Pantanal passa por sua maior crise devido a situação das queimadas desenfreadas no bioma. Do dia 1º de janeiro a 20 de setembro, o fogo havia atingido 3,179 milhão de hectares do Pantanal como um todo, sendo 1,238 milhão em Mato Grosso do Sul, segundo dados do laboratório Lasa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que analisa imagens de satélites ambientais para calcular a área queimada.

No local, brigadistas do Prevfogo, do Ibama, têm relatado a dificuldade para se chegar às áreas de acesso.

"O que é inerente ao Pantanal. Hoje tiveram que trocar de embarcação, por exemplo, porque o Rio Paraguai está muito baixo, então eles tiveram de pegar um barco motor de rabeta para chegar às regiões", explica o analista ambiental do Prevfogo/Ibama, Alexandre Pereira.

De Corumbá até a Barra de São Lourenço, no complexo da Serra do Amolar, mais de 5h de barco. "Depois disso, quando você chega ao local, tem que deslocar à pé, e apesar do Pantanal estar seco, ele tem áreas brejosas onde se atola, além do emaranhado de vegetação".

Meteorologia - A previsão de chuva e a constatação do volume quando ela aparece, que o meteorologista Natálio Abrahão apresenta, nestas horas é vista como alento. "Tem previsão para domingo, se chover em torno de 15 a 20 milímetros onde teve fogo, pode acabar. Mas se chover do lado ou em volta, a área continua seca", diz sobre o Pantanal.

Na região, a última chuva já foi comemorada. "Só que numa situação como essa, de queimada assim, teria que chover acima de 35 milímetros para apagar o fogo", calcula o meteorologista.

E Natálio vai além na explicação. "A situação do Pantanal é a seguinte: ele queima por cima e a raiz pega fogo, assim o incêndio não apaga, 10 milímetros de chuva ali em cima pode apagar, mas a raiz continua quente. Tem que chover para molhar totalmente e a raiz absorver essa água".

Mas a tendência, segundo ele, é de realmente as queimadas se apagarem, já que a estiagem já passou e a previsão é de chuva.

No Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari, a ameaça de fogo foi a maior da última década. As chamas poderiam até consumir sítios arqueológicos de mais de 11 mil anos, além de importante corredor ecológico entre cerrado e Pantanal, localizado entre os municípios de Alcinópolis e Costa Rica, no nordeste do Estado.

Os bombeiros informaram em relatório que a chuva de ontem amenizou os focos de incêndio na região, inclusive os que estavam em locais de difícil acesso. Hoje pela manhã, foi feita vistoria com o helicóptero em todo parque, para verificação de possíveis pontos de calor ou fumaça, direcionando as operações para lá com o efetivo de serviço bombeiro militar. "A operação no Taquari está na fase de monitoramento de focos que já foram extintos", resume Carminatti.

Incêndio atinge Parque Nacional de Ilha Grande (Foto: Divulgação)
Incêndio atinge Parque Nacional de Ilha Grande (Foto: Divulgação)

Parque Nacional da Ilha Grande - O mais recente incêndio que atinge Mato Grosso do Sul chegou na divisa do Estado com Paraná, onde hoje foi iniciada mobilização para combater as chamas no Parque da Ilha Grande, em Naviraí.

"Conforme relatos de equipe de bombeiros militares empenhados nessa missão, o local é de difícil acesso, totalmente longe da rodovia. Há também uma fauna muito rica na região e os militares estão executando estratégias a fim de preservar a vida dos animais".

Ainda não há informações do quantitativo de área queimada.

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