Contaminação de rio que abastece Dourados é investigada pelo MPF
Com o objetivo de apurar uma possível relação entre a contaminação do Rio Dourados por resíduos de agrotóxicos provenientes das lavouras e a saúde dos moradores do município, o MPF/MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) e o MPE (Ministério Público Federal) pediram uma análise quinzenal da água consumida pelos cidadãos.
Dourados é a segunda maior cidade do Estado e possuiu 207 mil habitantes. Segundo a assessoria do MPF/MS, a análise deverá ser realizada nas águas do rio e nas fontes subterrâneas da região.
Os governos Federal e Estadual devem fazer as análises, assim como a Aniva (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A liminar obtida pelos Ministérios ainda estabelece pena de multa diária de R$ 100 mil, até que se implemente efetivamente a pesquisa de resíduos de agrotóxicos no Laboratório de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS).
Os resultados da análise deverão ser informados ao consumidor por meio das contas de água emitidas pela Sanesul (Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul).
Contaminação – Ainda conforme o MPF/MS, a contaminação do Rio Dourados foi identificada pelo Laboratório de Saúde Pública do Paraná (Lacen/PR), no período de janeiro a agosto de 2010, pois o Lacen/MS não possui estrutura técnica e de pessoal para realizar a identificação dos componentes tóxicos na água.
O laboratório constatou a presença do agrotóxico clorpirifós etílico - inseticida, pesticida e formicida, classificado como altamente tóxico pela Anvisa, além do temefós - larvicida comumente utilizado contra proliferação de mosquitos
O consumo de água com estes produtos é prejudicial à saúde. Eles ainda afetam a alimentação dos peixes do rio, que concentram altos níveis das substâncias nocivas.
Estudos realizados nos Estados Unidos, em 2000, pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), revelaram que o agrotóxico clorpirifós oferece grande risco, principalmente sobre o sistema nervoso e o desenvolvimento do cérebro e o fígado.
Desde então, naquele país, o produto não pode ser comercializado para uso urbano. Os agrotóxicos que contenham esse tipo de substância têm uso restrito.
No Brasil, o uso desse agrotóxico como desinfetante domiciliar foi restrito em 2004, cinco anos após casos ocorrido em Porto Alegre (RS), onde 112 funcionários do Grupo Hospitalar Conceição foram fortemente intoxicados.
Já o temefós, usado pelo governo federal no combate à dengue, foi substituído pelo diflubenzuron em 2001, depois de 34 anos de uso. Na agricultura, ambos são utilizados em todo o país.
Padrão – A União e o Estado farão, no dia 18 de fevereiro, uma audiência para indicar os padrões para o cumprimento das medidas estabelecidas. Depois dessa data, a União tem o prazo de 30 dias para apontar o laboratório que realizará as atividades.
Conforme o MPF/MS, o Lacen do Paraná não pôde dar continuidade às analises por problemas técnicos e reforma no setor de agrotóxicos.