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Meio Ambiente

“Contemple sem se aproximar”, alertam especialistas após ataque de capivara

Criança sofreu ferimentos na cabeça, continua internada com quadro de saúde estável, mas sem previsão de alta

Por Viviane Oliveira | 18/01/2024 12:47
Capivaras na Lagoa Maior em Três Lagoas (Foto: arquivo / JP News) 
Capivaras na Lagoa Maior em Três Lagoas (Foto: arquivo / JP News)

O episódio de uma criança de 4 anos que precisou levar 35 pontos na cabeça após ser atacada no domingo (15) por uma capivara, na Lagoa Maior, em Três Lagoas, cidade a 327 quilômetros de Campo Grande, acendeu o alerta. Como conviver de forma harmônica com animais silvestres? Com peso médio de 50 quilos e 60 centímetros de altura, a capivara é o maior roedor do mundo e chega a viver até 12 anos.

Conforme Kwok Chiu Cheung, superintendente executivo da Fundação Neotrópica do Brasil e docente da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), é importante lembrar que ataques ocasionais podem acontecer até mesmo com animais domésticos, como cães e gatos. O ideal é manter os limites nas áreas de convívio coletivo.

“Manter a distância, contemplar e fotografar sem se aproximar do animal e seu grupo. Aqui no Parque das Nações Indígenas [na Capital], vejo muitas pessoas tentando tocar ou sentar ao lado das capivaras para fazerem fotos. Não é correto, em algum momento, pode acontecer o mesmo que aconteceu em Três Lagoas”, alertou.

O professor explica que os animais silvestres são mais permissivos em áreas onde convivem com muitos humanos. “Até ocorre uma tolerância maior à proximidade humana, mas não significa que podem ser tocados ou alimentados. “É importante não tocar nos animais, não se aproximar demais, não tentar alimentar, pois a pessoa pode ter os dedos e mãos mordidas acidentalmente. Jamais abraçar ou agir como se fossem animais domésticos conhecidos”.

Kwok ressalta que capivaras normalmente são pacatas e o fato ocorrido em Três Lagoas não pode servir de estímulo para que se haja de forma agressiva com os animais silvestres. “Cabe às autoridades do parque aumentarem as sinalizações e monitoramento. É a nossa biodiversidade que torna MS diferente de outras regiões do Brasil”.

Sem previsão de alta - O menino está internado recebendo atendimento médico com quadro de saúde estável, consciente e orientado, mas sem previsão de alta.

Kwok Chiu Cheung, superintendente executivo da Fundação Neotropica do Brasil e docente da UCDB (Foto: arquivo/pessoal)
Kwok Chiu Cheung, superintendente executivo da Fundação Neotropica do Brasil e docente da UCDB (Foto: arquivo/pessoal)

Por meio de nota, o Hospital Regional da Costa Leste Magid Thomé informou que a criança deu entrada às 13h10 na última terça-feira (16), vítima de mordida de animal (capivara).

“O paciente recebe atenção médica (Pediatra, Cirurgião Pediátrico e Infectologista), do serviço de Assistência Social e principalmente do setor de Psicologia”, informou o hospital.

Caso - A mulher de 55 anos, mãe da criança, contou que o menino brincava com sua prima por volta das 9h no parque onde havia capivaras deitadas entre a grama e a calçada. Um dos animais acabou correndo atrás do garoto e o derrubou no chão. Em seguida, passou a mordê-lo na cabeça. A tia que acompanhava o menino afirmou que em momento algum ele encostou na capivara, mas ela estava com filhote e o ataque pode ter sido por proteção.

“Cada espécie tem sua área de segurança. Nessa situação específica, a capivara pode ter se sentido, de fato, ameaçada. E mesmo sem a criança ter feito algo ameaçador aos nossos olhos, para o animal talvez a proximidade já seja o suficiente”,  afirmou o professor Kwok.

Conforme a Prefeitura de Três Lagoas, cerca de 100 capivaras vivem na Lagoa Maior, habitat natural delas. “Essa foi a primeira vez que um fato como esse aconteceu. Os biólogos responsáveis explicam que animais como as capivaras, mesmo sendo silvestres, não são agressivas e agem em defesa própria, por se sentirem ameaçadas”, informou.

Segundo a prefeitura, o manejo das capivaras é feito sempre que detectado o aumento de população e vai ampliar as orientações visuais alertando dos cuidados necessários para o bom convívio entre pessoas e animais.

De acordo com a médica veterinária do Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), Jordana Toqueto, animais silvestres estão cada vez mais presentes nos centros urbanos e a população deve aprender a conviver com eles, respeitando o espaço e o comportamento deles.  "Estamos em época de reprodução dos animais, com isso é comum vermos muitos deles acompanhados com seus filhotes, devido a isto eles ficam mais atentos e em alerta para proteger suas proles, provavelmente o animal sentiu-se ameaçado e buscou  protegê-lo".

Menino teve ferimentos na cabeça e precisou levar 35 pontos (Foto: Divulgação)
Menino teve ferimentos na cabeça e precisou levar 35 pontos (Foto: Divulgação)

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