Delcídio propõe grupo para estudar ações para proteger rios do Pantanal
O senador Delcídio do Amaral (PT) defendeu a criação de um grupo integrado por parlamentares de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso para definir ações para preservar as nascentes dos rios no Pantanal. A proposta foi feita ontem, na tribuna do Senado, durante discurso sobre o Dia Mundial da Água, comemorado hoje.
“O Brasil deve refletir sobre o grave dilema de como enfrentar o desafio da gestão dos seus recursos hídricos tendo como foco questões como os passivos de saneamento, as mudanças climáticas e a escassez global de água, considerado por muitos ainda um recurso infinito”, advertiu o senador.
Ele citou versos do poeta sul-mato-grossense Manoel de Barros, como “Penso com humildade que fui convidado para este banquete, banquete dessas águas, porque sou bugre, porque sou do brejo”.
“Como um homem das águas, um homem pantaneiro, quero chamar a atenção para o lugar onde nasci e aprendi a respeitar a água.O Pantanal é reconhecido mundialmente por ser a maior planície alagável do mundo, com uma área de cerca de 160 mil quilômetros quadrados, que abrange territórios de três países da América do Sul: Brasil, com cerca de 140.000 km2, Bolivia com 15.000 km2 e Paraguai, com 5.000 km2. Trata-se, portanto de um bioma transfronteiriço, e que possui forte influência de biomas vizinhos como o Cerrado, a Floresta Amazônica e o Chaco. Sua porção brasileira está inserida nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, lembrou.
O senador destacou que na década de 1970, houve a implantação de pastagem e lavoura de arroz e, atualmente, predominância da produção de soja, algodão e pecuária.
Atualmente, o estado de Mato Grosso é um dos maiores produtores de grãos do Brasil, em especial a soja. Com o tempo, os impactos ambientais pelo mau uso do solo e a retirada da cobertura vegetal nas nascentes começaram a colocar em risco o Pantanal.
Esses impactos, segundo o petista, estão localizados, principalmente, na região do planalto, na área dos afluentes do rio Paraguai, provocando efeitos graves na planície.
Delcídio revelou que em um diagnóstico feito pelo Instituto Homem Pantaneiro, organização não-governamental de Corumbá, foram verificadas diversas alterações na paisagem, ocasionadas pelos impactos ambientais.
Os rios que formam o Pantanal estão fortemente pressionados pela agricultura intensiva e pela ausência de zona de amortecimento que mantém abastecidas as lagoas e as nascentes, localizadas em interior de duas fazendas locais, com vegetação antropizada, sem corredores ecológicos e praticamente nenhuma mancha residual demonstrativa da vegetação original da região.
Além disso, existe uma pequena superfície em uma das propriedades que pode servir de banco genético para um eventual projeto de regeneração da área.
“Em função do diagnóstico preocupante da região das cabeceiras e pela fundamental importância do Rio Paraguai para o funcionamento do complexo sistema hídrico e de biodiversidade do Pantanal e pelo que ele representa para economia e a cultura dos dois estados, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, quero propor a criação de grupo com parlamentares dos dois estados para que , juntos, possamos visitar a região e definir um conjunto de ações que visem à recuperação e proteção das cabeceiras do Rio Paraguai”, propôs.