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Meio Ambiente

Ele já derrubou árvores, mas agora seu sonho é o museu da semente

Caroline Maldonado | 11/09/2014 08:30
Nereu se apaixonou pelas árvores nativas (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)
Nereu se apaixonou pelas árvores nativas (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)
Paisagista exibe as sementes que trouxe de expedição em Goiás (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)
Paisagista exibe as sementes que trouxe de expedição em Goiás (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)
Ipês no Parque das Nações foram plantados por Nereu (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)
Ipês no Parque das Nações foram plantados por Nereu (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)

Depois de anos de experiência na madeireira da família, o douradense Nereu Rios resolveu fazer o caminho inverso. Em 1990, ao invés de investir na derrubada das árvores, ele começou a pensar em como elas nascem. De lá para cá, o paisagista já produziu mais de 1 milhão de mudas, o hobbie virou paixão e nasceu o sonho de criar o museu da semente, que hoje é compartilhado com a esposa Lucilene Bigatão. A ideia é mostrar aos sul-mato-grossenses como o paisagismo do Estado perde ao deixar de lado árvores do cerrado para dar lugar a tendências de mercado.

Nereu mora em Campo Grande e tem um viveiro onde produz cerca de 20 mil mudas por ano e a cada semente que recolhe cultiva o sonho de ver os moradores darem valor às árvores do cerrado, bioma que tem seu dia comemorado hoje, 11 de setembro. “Nos anos 70, eu trabalhava com meu tio. Naquela época, em 1972, o Governo incentivava a desbravar o sertão. Eu vi derrubar até cerejeira e tudo foi ficando na minha memória. Aí, em Campo Grande, a monocultura tomou conta e os córregos se esvairam, como o Água Boa e Laranja Doce. Então isso fez eu começar a pensar que aquilo que você derrubou em 3 minutos leva 100 anos para se ter de novo”, disse.

Para o paisagista, as árvores do cerrado ainda não têm o reconhecimento que merecem por parte da sociedade por uma questão cultural, mas cada projeto de reflorestamento é um estímulo para continuar o trabalho com as espécies nativas. “Há três anos, com o projeto Via Verde, plantei ipê branco e magnólia, na rua Rio Grande do Sul, na rua José Antônio plantei ipê e flamboiam, além de balsamo na rua Pedro Celestino. Parece uma coisa boba, mas isso no futuro vai ficar lindo, vai chamar atenção das pessoas”, conta.

Muda no centro da cidade faz parte de projeto recente que promete dar colorido as ruas (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)
Muda no centro da cidade faz parte de projeto recente que promete dar colorido as ruas (Foto: Divulgação/Projeto Florescer)

Cerrado no paisagismo – O paisagista dá dicas simples para quem quer plantar no quintal ou na calçada algo que enalteça o cerrado ao invés de usar uma planta exótica. Segundo Nereu, gastando apenas R$ 7 já é possível adquirir uma muda nativa, que vai embelezar um local, além de ser espaço para as aves do cerrado que, frequentemente, se aventuram pelos ares das cidades.

“Uma muda de 70 centímetros custa sete, se tiver um tamanho maior chega a custar R$ 50 reais, o que é barato porque aquela muda já vai ter três anos, pelo menos. Então, muitas vezes as pessoas não imaginam como pode fazer a diferença optar por uma planta do cerrado, sem gastar muito”, explica Nereu.

Para quem quer ornamentar a calçada, contemplando as plantas nativas, o paisagista dá as dicas. “Onde não passa a rede de luz, as pessoas podem plantar balsamo ou quaresmeira. Onde tem rede de luz, pode ser plantado o ipê branco. Até a cerejeira, sendo cuidada para ficar em um tamanho menor, pode ser plantada”, explica.

Com o viveiro de 10 mil metros, o paisagista tem mais de 60 espécies, incluindo de mata atlântica e região amazônica, como açai, a bacaba e a pupunha. Esse paraíso para quem vive na cidade, mas ama o cerrado fica no bairro Chácara dos Poderes, mas pela internet mesmo, no site www.nereurios.com, já se pode ter uma ideia da jornada de Nereu e a família, que ajuda na coleta de sementes.

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