Espécies de anfíbios podem sumir do Pantanal nos próximos 75 anos
Pesquisa da UFMS aponta o risco de extinção de até três em cada 10 espécies do bioma
Até três em cada dez espécies de anfíbios podem desaparecer do Pantanal nos próximos 75 anos em áreas protegidas, segundo estudo desenvolvido pelo Inbio (Instituto de Biociências) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em parceria com outras instituições do País.
RESUMO
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Estudo do Inbio/UFMS em parceria com outras instituições aponta que até 3 em cada 10 espécies de anfíbios podem desaparecer do Pantanal nos próximos 75 anos devido a crises hídricas, incêndios e degradação ambiental. Anfíbios são vulneráveis às mudanças climáticas por dependerem de água e pântanos. O estudo пројециra cenários de emissões de gases e progresso, indicando que as mudanças climáticas podem reduzir a área de ocorrência de anfíbios em 41% até 2100, impactando a economia devido ao papel dos anfíbios no controle de doenças e pragas em lavouras. Áreas protegidas são cruciais, mas ameaçadas pelas mudanças climáticas. Das 74 espécies de anfíbios no Pantanal, 4% estão ameaçadas, e a maioria perderá habitat adequado. Espécie Melanofrimiscus furvogutatus, endêmica de Porto Murtinho, pode desaparecer se medidas não forem tomadas rapidamente. O estudo foi desenvolvido pela UFMS, UFPB, UFMT e Unicamp.
O estudo aponta que o risco de extinção de 16% a 27% dos anfíbios do bioma está ligado a diversos fatores, como crises hídricas, incêndios florestais e degradação ambiental. Comparado às outras espécies, os anfíbios são os mais vulneráveis às mudanças climáticas por serem dependentes de água e pântanos.
Ainda conforme pesquisa, as projeções climáticas variam em diferentes caminhos socioeconômicos compartilhados. Ou seja, o estudo traça cenários para as emissões de gases de efeito estufa e o progresso. Em um cenário otimista, as mudanças climáticas podem reduzir, em média, 41% da área de ocorrência de anfíbios até 2100.
De acordo com o coautor do artigo, professor do Inbio e coordenador do Laboratório de Biogeografia e História Natural de Anfíbios e Répteis, Diego Santana, afirma que os anfíbios desempenham papel importante no controle de doenças.
“O aquecimento global já é uma realidade de hoje e não algo só para o futuro. Só não temos crise de dengue, zika ou outras doenças emergentes maiores porque existem os sapos, além de outros anfíbios como rãs e pererecas, que também são responsáveis pelo controle de vários vetores de doenças”, explica.
Por isso, a extinção de uma porcentagem deles também iria impactar a economia. Isso porque seria necessário adotar medidas sanitárias para mitigar os danos causados pelo excesso de pragas em diversas culturas, como a soja e o milho.
“Se você retirar todos os anfíbios das áreas próximas às lavouras, das fazendas, não tem mais sapo coaxando, isso causaria prejuízo de milhões de dólares ao agronegócio. Por que tem sapo perto das lavouras? Porque eles comem muitos insetos que são de interesse econômico, como os besouros, mosquitos e gafanhotos, considerados pragas em plantações”, destaca.
A pesquisa reforça que as áreas protegidas são cruciais para a conservação da biodiversidade, mas essas mudanças no clima ameaçam sua eficácia a longo prazo ao deslocar as distribuições de espécies.
Pantanal - A maior área úmida tropical contínua do mundo, o Pantanal, está situada na Bacia do Alto Paraguai na América do Sul, com menos de 5% da área dentro de APs. Das 74 espécies de anfíbios encontradas nessa região, 4% estão ameaçadas.
O artigo também sugere que, nos próximos 75 anos, mais de 80% das espécies de anfíbios da área de estudo perderão habitat adequado, com 99% dos conjuntos de anfíbios enfrentando perda de espécies causada pelo clima.
“Na região de Porto Murtinho tem uma espécie de barriga vermelha com o nome científico Melanofrimiscus furvogutatus, que não existe em outro lugar do Brasil todo. Então, quem quiser ver esse bicho ou saber mais sobre o animal, só tem ali, naquela região. Infelizmente, ele é um dos que está nessa lista, mas daqui há 30 ou 40 anos, muito provavelmente, ele desaparecerá, se não agirmos rápido”, reforça o professor.
O estudo foi desenvolvido pela UFMS, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal de Mato Grosso e Universidade Estadual de Campinas.
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