Estudante resgata macaco em rua de bairro próxima a incêndio florestal
Fraco e desidratado, animal foi encontrado por estudante de Veterinária, que prestou os primeiros socorros ao macaco
Quando viu uma "bola de pelos" no meio do asfalto, no bairro Coopharádio, por volta das 17h30 de ontem (24), a estudante de Medicina Veterinária, Carla Patrícia Coelho pensou ser um filhote de gato ferido. Ela parou o carro e ao se aproximar, percebeu que na verdade, era um macaco da espécie sagui, debilitado, sem forças para se mover e fora de seu habitat.
"Ele ia ser atropelado. Quando me viu, se arrastou devagar, ainda tentou fugir, mas nem teve forças, o asfalto estava muito quente. Eu tentei me aproximar, mas ele deu um grito e quis me morder, quando conseguiu fugir e entrou na casa de uma senhora. Ele se escondeu embaixo do carro, muito assutado, mas peguei uma toalha e com cuidado, consegui pegar ele", conta Carla.
A estudante de Medicina Veterinária acredita que ele se perdeu do bando e foi parar na área urbana devido uma intensa queimada em uma área nativa do bairro, ocorrida há cerca de um mês.
"No final do ano passado colocaram fogo aqui em uma mata onde vivem muitos animais silvestres, eu acionei os bombeiros, mas foi uma tristeza, dava para ver lagarto fugindo desesperado, pássaros, foi horrível, também vimos animais mortos. Acredito que ele vivia lá e pelo que pesquisei, os saguis vivem em bandos, esse deve ter se perdido e saiu atrás de alimento e água, até parar aqui na parte urbana", avalia.
Após recolher o primata, Carla o alimentou com frutas e deu bastante água. Ela o avaliou clinicamente e ele passou a noite em sua casa. Hoje, ela o entregará ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).
"Como sou estudante de Veterinária, tenho todo um protocolo, fiz avaliação, vi que ele está fisicamente bem, apesar de os olhos estarem lacrimejando um pouco, mas ele estava apenas um pouco fraco e desidratado, agora vou encaminhar ele aos órgãos competentes. Esse resgate foi diferente, como sou protetora de animais e faço muitos resgates, às vezes parece que eles pulam na minha frente", conta Carla.
Procedimento - Segundo o tenente-coronel da PMA (Polícia Militar Ambiental) Ednilson Queiroz, por ter conhecimento técnico, Carla procedeu de maneira correta, mas pessoas sem preparo devem acionar a PMA imediatamente caso encontrem um animal silvestre em área urbana. "Ela poderia fazer isso, pois, tem preparo, mas outras pessoas não devem se aproximar para não estressar o animal e acionar os órgãos competentes. No caso do sagui, ele pode até morder", alerta.
Queiroz também concorda com o fato de que a referida queimada mencionada por Carla pode ter sido fator determinante pelo comportamento do primata. "As queimadas obrigam o animal a sair do seu habitat em busca de alimento e ele corre riscos, como nesse caso", avalia.
Caso encontre um animal silvestre em área urbana, o contato da PMA é o (67) 3314-4925 e do Cras é o (67) 3326-1370.