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Meio Ambiente

Horizonte fechado pela fumaça afasta turistas que buscam “verde e ar puro”

Incêndios voltaram a formar corredor de fogo por mais de 50 mil hectares em Corumbá e Miranda

Izabela Sanchez | 31/10/2019 15:13
Fumaça faz cenário apocalíptico na BR-262 com o incêndio no entorno do Morro do Azeite, a 300 km de Miranda (Foto: Divulgação)
Fumaça faz cenário apocalíptico na BR-262 com o incêndio no entorno do Morro do Azeite, a 300 km de Miranda (Foto: Divulgação)

Quem planeja uma viagem ao Pantanal pensa logo em muito verde, muita água, terrenos pantanosos, animais selvagens, sol, céu aberto e ar puro. Os incêndios que voltaram a se espalhar nessa região sul-mato-grossense desde o último domingo (27) estão fazendo com que encontrem cenário oposto.

A fumaça cobrindo o horizonte tão desejado, o calor do fogo que torna o clima impossível e os animais fugindo espantados estão fazendo muita gente cancelar reservas feitas em hotéis e pousadas de Corumbá e Miranda.

Segundo Alessandra Ribeiro Mendes, recepcionista do Virgínia Palace Hotel em Corumbá, a pane de energia que suspendeu em boa a parte a comunicação também não ajuda. “Estamos praticamente sem intenet, celular, sem nada. Afetou bastante, aqui a gente é mais no centro, mas tem gente reclamando que vai conhecer o Pantanal e a fumaça está bem intensa, acabando com o natural que é o que querem conhecer”, comentou.

Em Corumbá regiões como o Passo da Lontra, Estrada Parque e Porto Morrinho são atingidas pelo fogo e fumaça. “Pra respirar está bem complicado. O pouco de reserva tinha o pessoal cancelou,3 ou 4”, informou.

Pesca frustrada - Representante do Hotel Pesqueiro da Odila, na região de Porto Morrinho, afirma que, por ali “pegou fogo em quase tudo”. Além do ecoturismo, muitos esperavam viajar ao Pantanal para aproveitar o último final de semana de pesca liberada antes da Pirecema. “Está complicado para a nossa região, pegou fogo em quase todo Porto Morrinho. Gera um mal estar no rio por causa da fumaça”, explicou.

Assistente administrativa do Hotel Gold Fish, Rosiene Pereira de Freitas afirma ter recebido muitas ligações com pedidos de cancelamento. “Teve várias ligações de gente querendo cancelar porque como está sem muita comunicação, estão espalhando notícia que a BR está interditada”, disse.

O movimento forte de turistas reservando barco hotel na Joyce Tour nem foi atingido e, segundo a representante Criciane Balbuena, a fumaça começou, agora, a preocupar. “Aaqui na estrada fica tudo embaçado, como já estão programadas as viagens, temos que cumprir. Além da fumaça, tem o calor. Mas Por enquanto estamos caminhando bem”, pondera.

“Tem umas pessoas que estão com medo de vir, mas estamos comunicando que não está chegando perto do hotel e a fumaça já amenizou. Teve família que ia vir com criança pequena e por causa fumaça acabou cancelando. Ainda pode haver mais cancelamentos devido ao fogo no passo do lontra”, comentou Conceição Loveira Amarilia, representante do Lontra Pantanal Hotel.

Fogo, durante a noite, toma conta do cenário (Foto: Divulgação)
Fogo, durante a noite, toma conta do cenário (Foto: Divulgação)

Proprietário da Cia Náutica, loja de artigos de pesca em Corumbá, Sami Ziad diz que as queimadas geram clima tenso na cidade. “A queimada sempre é uma preocupação, esses dias enfrentamos na Bolívia, na fronteira com o Rio Paraguai, fica meio feio pra gente. O turista que chega e sobe o Rio, ele vê como pantanal, ele não imagina que é também na Bolívia. Está tendo muitos comentários e o calor fica insuportável. Voltou tanto do lado da Bolívia quanto do Pantanal, na sexta nem pousava avião vindo da Bolívia”, disse.

Em Miranda, a 201 km de Campo Grande, Thais Ishy, gerente da Pousada Nativos, explicou que o fogo afastou os turistas. “Tanto que teve cancelamentos por causa da queimada, praticamente todos os hóspedes. O prejuízo vai ser um pouco grande, ainda não conversamos sobre isso”, contou.

A Pousa Pioneiro, também em Miranda, informou à reportagem que o público reservado para ecoturismo superou expectativas, mas que os incêndios causam desconforto. “Os passeios que já estavam agendados estamos tentando cumprir a programação. Ainda não tivemos cancelamentos, mas ficamos bem preocupados. Toda essa região está uma calamidade, uma pena, a gente está bem triste. Os nossos parceiros do pantanal [outras pousadas] pegaram várias áreas com queimadas”, comentou.

Incêndios - Estimativa da Cedec (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) e dos órgãos envolvidos na operação de combate ao fogo, indica que pelo menos 50 mil hectares de vegetação nativa foram queimados desde domingo (27), quando reacenderam as queimadas na região. Os dados sobre a devastação foi divulgada pelo site de notícias do governo.

Corumbá está sem internet banda larga de algumas operadoras. O cenário de transtornos ainda inclui picos na energia elétrica, com reflexos no abastecimento de água. A estação de captação parou e a cidade ficou desabastecida. Na cidade, o fogo atingiu uma rede de transmissão de energia, que acabou por atingir a distribuição.

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