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Meio Ambiente

Na época de reprodução, pássaros enfrentam a ameaça dos traficantes

Viviane Oliveira | 28/09/2014 09:27
A arara também é uma ave muito procurada pelos traficantes. (Foto: Marcos Ermínio)
A arara também é uma ave muito procurada pelos traficantes. (Foto: Marcos Ermínio)
No estado, uma das aves mais procuradas é o papagaio. (Foto: Marcos Ermínio)
No estado, uma das aves mais procuradas é o papagaio. (Foto: Marcos Ermínio)

Inteligentes, exóticos e capazes de imitar a fala humana, os papagaios, periquitos e as araras são as espécies mais procuradas em Mato Grosso do Sul pelos traficantes de animais silvestres. O comércio ilegal dessas aves aumenta no período de reprodução, que vai de setembro a dezembro. A ação dos criminosos começa nas propriedades rurais e o alvo é o ninho geralmente formado nos troncos secos, de onde são retirados os filhotes para serem vendidos.

De acordo com a responsável pelo núcleo de fauna do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Paula Mochel, os animais são enviados para os estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. “É importante ressaltar que é proibido capturar animal silvestre. Quem for flagrado traficando vai ser multado e responder processo na justiça por crime ambiental”, destaca.

Quando domesticadas, as aves se tornam sociáveis e dóceis, no entanto, cada espécie tem uma função ecológica e se retirada da natureza pode interferir no equilíbrio ambiental, além de extinção, como por exemplo, a arara azul, que continua na lista. “Além de ser crime, o animal silvestre pode transmitir muitas doenças, uma delas infecciosa”, alerta Paula. Vale ressaltar, que mesmo sendo aprovada e regulamentada por lei, a atividade de criação de pássaros silvestres deve observar as obrigações e limitações impostas pelo Ibama.

Este ano, de janeiro até agora, 900 pássaros foram localizados com traficantes. No ano passado foram 1837, 281 a mais que em 2012. Nesse período de reprodução das aves, os policiais intensificam as rondas na zona rural, sensibilizando e informando sobre a questão do tráfico.

Arara se alimentando em um pé de coqueiro da cidade. (Foto: Marcos Ermínio)
Arara se alimentando em um pé de coqueiro da cidade. (Foto: Marcos Ermínio)

Os mais aliciados pelos traficantes são moradores da zona rural que conhecem bem o habitat dos bichos. “Estamos trabalhando com a conscientização para que os animais não sejam entregues aos criminosos, depois que sai da propriedade o custo se torna muito alto para o Estado”, explica o major da PMA (Polícia Militar Ambiental), Ednilson Paulino Queiroz.

Em Mato Grosso do Sul, as regiões mais críticas são os municípios de Jateí, Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo. “Aqui no estado nosso maior problema é o tráfico do papagaio, que tem como rota a divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul”, diz Queiroz.

Outra ave muito visada pelos traficantes, conforme o major, é o canário peruano, que passa por Mato Grosso do Sul, mas tem como destino Brasília, Nordeste e Minas Gerais. A maioria dos pássaros apreendidos em operações da polícia é encaminhada para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

Para o coordenador do Centro, Elson Borges, o único jeito de acabar com o tráfico de animais, ou pelo menos diminuir, é não comprar em hipótese nenhuma essas aves. “O traficante só existe porque tem comprador”, lamenta. Ele acrescenta ainda que macacos e tuiuiús, também, são alvos dos criminosos.

Segundo os estudiosos da área, o tráfico de animais é considerado a terceira atividade criminosa com mais lucratividade, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. Criar animal silvestre como de estimação é uma questão cultural que vem do tempo da colonização, no entanto, os bichos também são vendidos para outras finalidades, como alimento, extração de pena ou pele.

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