Observação de aves vira atrativo no Estado e chama turistas estrangeiros
Não é novidade que as belezas naturais de Mato Grosso do Sul atraem milhares de turistas todos os anos, mas existe um segmento, ainda em expansão, que têm despertado interesse e movimentado o setor no Estado: a observação de aves.
Segundo o guia de turismo Carlos Iracy, que atua há mais de 30 anos na área, há estimativa de que, no Brasil, existam de 35 mil a 50 mil observadores de aves e 1.901 espécies catalogadas pelo CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos). De acordo com a lista, só em Mato Grosso do Sul são 590 espécies espalhadas pelo Pantanal e Cerrado.
"Devido à diversidade, essa atividade é uma tendência e está em crescimento, mas o processo é demorado", considera. Encarada como hobby, a observação conta com COAs (Clubes de Observadores de Aves), que têm unidades espalhadas por todo o país. Esses grupos, independentes e não-governamentais, tem o objetivo de reunir pessoas de todas as idades interessadas na prática da observação de aves.
Especialização - Carlos tem aprofundado seu trabalho com a atividade há cerca de 2 anos e aponta os desafios. "É complexo porque você precisa dominar as espécies, conhece-las pelos nomes, identifica-las. Só em Campo Grande, já foram registradas mais de 300 espécies", explica.
Enquanto o hobby começa a atrair a atenção na região, grande parte dos turistas estrangeiros escolhem o Pantanal como destino já pensando nas aves. "O turismo de observação em Mato Grosso do Sul acontece há muito tempo por causa do Pantanal, por pelo menos 20 anos. Mas é preciso também dominar o nome da espécie em inglês para oferecer tudo o que o turista internacional realmente procura", amplia.
Segundo o biólogo e ornitólogo Alyson Melo, 39 anos, a observação de aves tem atraído tantos interessados que operadoras de turismo têm trabalhado com pacotes especiais para isso.
"Hoje tenho uma empresa que atua no setor, que trabalha com observação e fotografia de aves, além de atuar como guia de grupos para essa finalidade. Como o Brasil é o segundo país com o maior número de aves catalogadas, os turistas criam suas próprias listas para contar quantas dessas espécies eles já puderam conhecer de perto", detalha Alyson.
Economia - Para quem quiser praticar a atividade com auxílio de especialistas, que sabem onde encontrar as aves e, inclusive, atrair a atenção delas para serem observadas, a diária do guia para atendimento de turistas brasileiros custa, em média, de R$ 200. Já o guia preparado para atendimento de estrangeiros cobra diária média de U$ 150 a 200 dólares.
"Além disso, depois de explorar certas regiões, o observador vai em busca de novo destinos, é por isso que Mato Grosso do Sul atrai interessados. Recentemente, por exemplo, conheci uma senhora do Rio de Janeiro que já planeja vir em setembro para o Estado porque quer aumentar a lista de pássaros que ela já conheceu", conta Carlos.
O guia ainda lembra que esses turistas, ao virem para o Estado, usam avião, hotel, aluguel de carro e outros transportes, além de contratar guia e outros serviços que movimentam o Estado. "É uma atividade benéfica por vários motivos, sem contar que estimula a preservação do meio ambiente porque, sem natureza, não tem ave", conclui.
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