Onças fogem da cheia no Pantanal e viram fenômeno urbano em Corumbá
Para escapar da cheia do Pantanal, as onças estão buscando refúgio em áreas urbanas. Desde junho deste ano pelo menos seis felinos foram avistados por moradores em várias regiões de Corumbá, distante 419 quilômetros de Campo Grande.
O fenômeno acontece porque a cidade está em uma área mais alta, cercada pelo Pantanal sul-mato-grossense, de acordo com o veterinário Walfrido Moraes Tomas, da Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal), entidade que faz parte do Comitê de Incêndios Florestais e Contenção de Animais Silvestres.
Conforme o veterinário, quando uma grande cheia acontece, os animais buscam refúgio em terrenos mais altos. “É natural que haja a travessia de onças para a margem mais alta do rio Paraguai, chegando a área urbana”, explica. As onças ficam em bolsões de terrenos alagados entre a área urbanizada e o rio, onde há muita vegetação densa.
Em junho deste ano foi feita a captura de uma onça com dois filhotes, que estavam em um quintal em meio a uma vila de casas. A mãe morreu após ser sedada e cair no rio Paraguai. Os dois filhotes foram encaminhados para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), na Capital.
Ainda em junho, outra onça foi avistada na região do Forte Junqueira e há uma semana no mesmo local outro felino foi visto. “Nesta área os animais estão há pelo menos dois meses e meio e nenhum incidente ocorreu com humanos. Apesar deles estar se alimentando de capivaras, jacarés e cães domésticos, pois no local foram localizados carcaças desses bichos”, destaca.
Outro animal tem sido visto nas proximidades da entrada de Ladário, na avenida Rio Branco. O felino já foi filmado duas vezes por motoristas que passavam por ali. No último sábado mais duas onças foram vistas na região da Cacimba.
Busca - As tentativas de captura da onça-pintada que vem rondando o bairro Universitário, próximo ao Forte Junqueira, entraram no sétimo dia. Três armadilhas foram instaladas na mata onde o animal foi visto, os órgãos que fazem parte do Comitê optaram por adotar uma estratégia menos invasiva para capturar o bicho, pois de acordo com os especialistas a onça-pintada não oferece grande risco para população.
Para o Comitê, a convivência entre a população e as onças em seu habitat natural, que fica na outra margem do rio Paraguai, é plenamente possível, mesmo com a proximidade. Porém, quando os animais se refugiam na área urbana, fugindo das cheias do rio e de grandes incêndios a situação se torna preocupante.
Dessa forma, os moradores precisam estar preparados para agir de modo a não provocar ou acuar os animais. “A pessoa deve evitar a observar esses animais de perto e também a caminhar depois do anoitecer em áreas que os felinos forma avistados”, alerta.
A tendência é que com a redução da cheia, os animais voltem a atravessar o rio e deixem as áreas mais ligadas a cidade, enquanto isso, o Comitê tenta capturar as onças e removê-las para lugar seguro, pois depois da cheia vem a questão das queimadas. “As queimadas também preocupa porque podem levar alguns animais a voltar para a margem direita do rio, no entanto, este ano é pouco provável que haja queimadas nas partes baixas devido as inundações”, afirma.
Para o veterinário, uma forma de amenizar os problemas seria o cercamento dos bolsões onde tradicionalmente as onças se refugiam e limitar o acesso de pessoas sempre que a presença destes animais for detectada.
Na noite da última segunda-feira (11), um motorista fez imagens de um felino que foi visto na avenida Rio Branco, avenida que fica na divisa entre Corumbá e Ladário. Os casos estão sendo monitorados pelo Comitê de Captura de Animais Silvestres.