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Meio Ambiente

ONG pretende triplicar brigadas em 2020 para combater fogo no Pantanal

Estrutura de combate às chamas carece de investimentos públicos em fiscalização para funcionar de forma efetiva

Tainá Jara | 13/09/2019 19:04
Brigadas do ICMBio atuam em áreas próximas ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena (Foto: Divulgação/ICMBio)
Brigadas do ICMBio atuam em áreas próximas ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena (Foto: Divulgação/ICMBio)

A devastação do Pantanal pelo fogo revelou a estrutura insuficiente de combate a incêndio disponível na região. Para evitar dificuldades nos próximos anos, a Ecoa pretende triplicar o número de brigadistas qualificados para evitar a consumo da mata pelo fogo. No entanto, apenas formação de voluntários não é suficiente, já que as ações carecem de investimentos públicos em veículos, instrumentos de trabalho e principalmente ações de fiscalização.

Desde a intensificação dos focos de incêndio próximo a Corumbá, município distante 420 quilômetros de Campo Grande, em agosto, 30 brigadistas formados pela ong (organização não governamental) trabalham para deter o fogo. Foram investidos R$ 60 mil na aquisição de equipamentos e os voluntários receberam treinamento Prevofogo no decorrer deste ano.

Conforme o diretor da Ecoa, Alcides Faria, apenas a formação das brigadas não basta. “A capacidade de fiscalização dos órgãos governamentais teve redução significativa. O Ibama enfrenta dificuldades e a vigilância deve crescer”, destacou.

O biólogo explica que o número é de 30 brigadistas é insuficiente para atender toda a região do Pantanal. No entanto, o fato de parte dos voluntários pertencerem a comunidades ribeirinhas funciona na proteção destas populações. “O primeiro passo é a proteção de suas casas e suas famílias”, explica.

Legislação – Apesar dos esforços e da eficácia que representam, a formação de brigadas voluntárias esbarram em dificuldades. De acordo com o analista de conservação da ong WWF, Cássio Bernadino, no Brasil, não há legislação responsável por regulamentar a atuação de brigadistas, o que dificulta a elaboração de políticas públicas.

“As brigadas comunitárias são muito importantes nas ações de combate a incêndio. Muitas não têm treinamento correto. O ideal é que elas recebessem capacitação todos os anos e equipamentos de proteção individual”, ressalta.

A ong atua no desenvolvimento de ações estruturantes junto as comunidades em relação a gestão de fogo de forma prudente.

Área incendiada no Pantanal em 2019, dobrou em relação ao ano passado (Foto: Divulgação/PMA)
Área incendiada no Pantanal em 2019, dobrou em relação ao ano passado (Foto: Divulgação/PMA)
Animais não estão resistindo ao fogo (Foto: Divulgação/PMA)
Animais não estão resistindo ao fogo (Foto: Divulgação/PMA)

Incêndios criminosos – Desde 2003, a Ecoa realiza a campanha “Queimada Mata” que, além da formação de brigadistas, atua no sentido de conscientizar quanto às queimadas irregulares. “Calculo que 90% dos focos surgem de incêndios irregulares provocados por incendiários”, explica Faria.

O principal alvo dos incêndios criminosos são as beiradas de rodovia. Práticas utilizadas em áreas de produção agrícola e para extração de mel selvagem, em que as abelhas são espantadas por fumaça, por exemplo, se não foram executadas de forma correta representam risco o meio ambiente.

Conforme o Inpe, neste ano foram registrados em Mato Grosso do Sul 6,3 mil focos de incêndio, sendo que 1,5 mil somente em setembro. O número já supera a quantidade de focos acumulados em seis dos últimos dez anos (2.380 em 2018; 5.737 em 2017; 4.617 em 2015; 2.214 em 2014; 3.615 em 2013; 3.731 em 2011).

O diretor da Ecoa atribui o aumento de registros também ao ano de águas baixas no Pantanal. Ou seja, a cheia foi menor em 2019, em relação a anos anteriores, o que facilitam a proliferação do fogo.

A WWF calcula um aumento de 370% dos focos de incêndio em relação aos anos anteriores. No ano passado, até setembro, a área incendiada no pantanal equivalia a 309 mil hectares, neste ano o território devastado já ultrapassa os 600 mil hectares.

De acordo com o analista de conservação da WWF, desde os anos 90 o período de picos de incêndio no Pantanal começa cada vez mais tarde. Antes, agosto era o mês de maior incidência. Agora, setembro apresenta o maior número de focos. Desde 2012, não havia tantos focos de calor e tanta área queimada. “A tendência é que o pior ainda está por vir”, acredita Bernadino.

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