Para 40 países, MS aposta em “fogo contra fogo” para combater incêndios
Campo Grande recebe pelo menos 1,1 mil inscritos para debater controle de queimadas florestais
Pelo menos 1,1 mil inscritos e 40 países se reúnem entre esta segunda-feira (28) e a próxima (4 de novembro) em Campo Grande, palco da 7ª Wildfire - Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais. A programação traz palestras, debates, encontros e exposições voltadas a discutir as estratégias de controle e combate das queimadas, que, este ano, levaram o governo de Mato Grosso do Sul a declarar situação de emergência.
Conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 9.182 focos de incêndio foram registrados no Estado em 2019. O acumulado de queimadas florestais é o pior desde 2007, quando foram identificados 11.139 pontos em igual período.
Presente na cerimônia de abertura da 7ª Wildfire, no Palácio Popular da Cultura, o titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, revelou que “a discussão que Mato Grosso do Sul está fazendo é o manejo integrado do fogo”.
“Colocar fogo para evitar o fogo espontâneo, o fogo colocado. Nosso foco é na prevenção. A gente nunca vai ter a capacidade de apagar um incêndio de 1 milhão de hectares”, completou.
A estratégia de manejo integrado do fogo prevê queimadas programadas e em conjunto com instituições, comunidades tradicionais e produtores rurais. A tática considera questões ecológicas e sazonais para propor o controle.
No fim de semana, os participantes da conferência terão atividades de campo. De acordo com Verruck, os visitantes serão levados para conhecer a região rural de Mato Grosso do Sul. “Conhecer o que é a agricultura sustentável, o plantio de eucaliptos e os riscos que isso tem, as pastagens nativas do Pantanal. Tem todo um conjunto de atividades para deslocar essas pessoas de Campo Grande para que conheçam qual é a realidade das florestas e do campo”, listou.
Potencial - Também no evento, a titular da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), Melissa Tamaciro, destacou que “a Wildfire sela nossa capacidade de receber eventos de todo tipo”.
“Estrutura para eventos desse porte, só Campo Grande no Estado consegue atender. Nossa rede hoteleira comporta. Nossa rede gastronômica tem a questão da curiosidade da regionalidade, e tem a contemporânea, em que todo mundo é contemplado”, acrescentou.
Atrações - Um conjunto de estandes foi montado no Palácio Popular da Cultura, com exposições de iniciativas como o trabalho dos brigadistas do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), subordinado ao Ministério do Meio Ambiente.
Coordenador nacional do Prevfogo, Gabriel Zacharias relata que o evento é “extremamente técnico”, mas promove diferentes níveis de diálogo. “Conversa com o brigadista, com o gestor, com o pesquisador, e com o político. Ele vem para mostrar técnicas melhores, equipamentos melhores, políticas de gestão melhores”.
O projeto Noleedi, que estuda o efeito do fogo no Pantanal sul-mato-grossense e sua interação com os regimes de inundação, também expõe suas atividades no local. Uma das frentes do programa atua na Terra Indígena Kadiwéu, que, segundo estudos, tem queimados média de 124,2 mil hectares de seu território por ano. A área total é de 540 mil hectares.
A Wildfire recebeu pelo menos 350 trabalhos, que serão distribuídos em 120 apresentações. O evento é realizado há 30 anos e já passou por Estados Unidos, Canadá, Coréia do Sul, Espanha, Austrália e África do Sul.