Só oito figueiras estão sadias para continuar em pé na Afonso Pena e Mato Grosso
Relatório da Semadur apontou que a Capital tinha 43 exemplares da espécie nas duas avenidas em 2018
As figueiras são um dos cartões-postais de Campo Grande e compõem a paisagem da Cidade Morena desde sempre. Mas de acordo com relatório da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), apenas 8 das 41 restantes nas principais avenidas da Capital estão em boas condições.
Recentemente, duas árvores foram retiradas dos canteiros centrais da Avenida Afonso Pena entre as Ruas Rui Barbosa e Pedro Celestino. Ambas estavam condenadas e representavam risco aos campo-grandenses que transitavam pela região. A remoção foi executada por equipe da Semadur.
A última foi retirada no domingo (2) e interditou o trecho por cerca de duas horas. Com base na resposta da secretaria, nos últimos dois anos, somente essas duas figueiras na Afonso Pena foram removidas.
Em parceria com a Embrapa Solos, a Prefeitura de Campo Grande verifica as possíveis causas para morte de árvores no mesmo canteiro em pouco tempo. Este mês, foi realizada coleta do solo nos locais em que foram anteriormente removidas duas árvores da mesma espécie e seguirão para análise. O estudo também será feito nos galhos das árvores suprimidas e das que ainda estão saudáveis, no canteiro, como forma de comparação.
Relatório - O documento completo mais recente feito pela Semadur é de 2018 e analisou as Ficus microcarpa (nome científico das figueiras). O relatório informa que 43 árvores, sendo 24 na Avenida Afonso Pena e 19 na Avenida Mato Grosso, foram monitoradas. Atualmente, 41 estão de pé. Elas foram plantadas a partir de 1921.
Os dados coletados tiveram o auxílio do tomógrafo. O aparelho dimensionou o tamanho e a posição de possíveis lesões na árvore. Os resultados obtidos ajudaram na tomada de decisões para melhorar as condições de vida dessas árvores.
Os resultados foram preocupantes. Das 43, apenas 8 apresentaram boa condição no tronco nas porções examinadas. As outras 35 na ocasião dos exemplares tinham algum grau de comprometimento.
O documento ainda explica que o desgaste das árvores aconteceu de forma gradativa. "Verificam-se nelas sintomas de deficiência nutricional, tonando-as sucessíveis a infestações", cita o relatório.
Outro problema encontrado envolve os locais onde as árvores estão. Os maiores prejuízos para as estruturas das plantas estão na compactação do solo, trepidação por conta do trânsito constante, estrangulamento das raízes pela ausência de área livre, exposição a gases que provocam efeitos tóxicos e estresse hídrico.
A Afonso Pena é a síntese da união entre arborização e o trânsito. São seis faixas de rolamento que passam pelos bairros Centro, Amambaí, Jardim dos Estados, Santa Fé e Chácara Cachoeira.
Diante da situação, as medidas imediatas para alguns exemplares foram as podas e limpezas. Em uma árvore na Avenida Mato Grosso esquina com a Avenida Calógeras, o tronco estava oco e lotado com lixo como garrafas, copos, roupas íntimas e preservativos.
Atual cenário - A Semadur informou que está constantemente fazendo o monitoramento das árvores. "Estamos realizando o correto manejo das árvores. Destacamos que são seres vivos. Na tentativa de aumentar a vida das árvores, foram feitos procedimentos de descompactação do solo e adubação".
Neste ano, a Capital foi reconhecida pela quarta vez consecutiva com o título de 'Cidade Árvore do Mundo' (Tree City of de World, em inglês). O reconhecimento é dado anualmente pela FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e pela Arbor Day Foundation. Desde 2019, a Capital é eleita.
A secretária da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Katia Sarturi, enalteceu a importância do prêmio. "Muito além de preservar e manter nossas florestas urbanas, também investimos na capacitação dos nossos técnicos, estamos revisando nossas legislações e modernizando nossos procedimentos".