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Meio Ambiente

Todo mundo aponta culpado enquanto rio vira depósito de lixo na Ernesto Geisel

Entra ano e sai ano e o problema de descarte irregular de resíduos permanece no Rio Anhandui

Jhefferson Gamarra | 15/07/2021 15:12
Em pouco mais de 3 quilômetros de avenida é possivel ver muito lixo acumulado que vão parar dentro do córrego (Foto: Paulo Francis)
Em pouco mais de 3 quilômetros de avenida é possivel ver muito lixo acumulado que vão parar dentro do córrego (Foto: Paulo Francis)

Cerca de três quilômetros do Rio Ananhandui, no trecho da Avenida Ernesto Geisel, que tem início na altura da Rua Cubatão e segue até a Avenida Manoel da Costa Lima, há muito tempo é usado como depósito de lixo a céu aberto. Entra ano e sai ano e o problema persiste.

No local, em ambos sentidos da via, em uma breve caminhada é possível encontrar todos os tipos de descartes como entulhos, pneus, roupas íntimas, privadas, garrafas, animais mortos entre tantos outros, que despencam em direção à água corrente.

Entre a vizinhança, catadores de reciclagem e pessoas que moram em barracos às margens do córrego, ninguém sabe apontar ao responsável pela situação. Todo mundo acha um culpado enquanto o lixo acumula em uma dos principais mananciais da Capital.

Confira a galeria de imagens:

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São os vizinhos

“Esse lixo aparece toda as noites, as pessoas jogam de tudo, mas o que sempre digo é que o problema é dessa obra inacabada, ali para frente terminaram e aqui virou um lixão. O pessoal do bairro de cima (Nhá-Nhá), desce no córrego para queimar fios roubados e espalham um monte de lixo”, relata o marceneiro Doraildo Pereira, ao abrir o portão dá de cara com uma das partes mais críticas do “lixão”.

Do outro lado da via, o tapeceiro Francisco Rodrigues, que há 20 anos mora no mesmo local, acusa os catadores de reciclagem de promover a baderna e espalhar o lixo na beira do córrego.

“Isso aí quem faz é o pessoal da reciclagem, eles saem limpando quintais e despejam o lixo que não serve pra vender. Acho até que o povo que paga para eles limpar são culpados também porque deixam eles carregarem o lixo todo, pra se livrar. Esse lixão sempre teve e fica pior na época seca porque eles colocam fogo também”, contou Francisco.

Restos de obra

Alguns metros à frente da tapeçaria, em um local de compra e venda de recicláveis, catadores se defendem, alegando que na realidade, são eles quem colaboram com a limpeza do local, tirando tudo que dá para ser reaproveitado da beira do córrego, o que impede que mais lixo caia na água.

“A gente só mexe com o que é reciclável, o que o pessoal joga muito aí na água é material de construção, vem carros de noite e de madrugada e jogam restos obra, cansei de ver o povo jogando as coisas, eles falam ‘é terreno da prefeitura depois eles limpam’ e vão embora. Quando tem alguma coisa que pode reaproveitar a gente pega, mas é bem difícil porque ninguém joga sucata fora a situação tá difícil pra todo mundo”, afirmou Marcos Oliveira, catador de reciclagem há mais de 20 anos.

No cruzamento entre da Avenida Ernesto Geisel com a Manoel da Costa Lima, diversas pessoas em situação de extrema pobreza improvisaram barracos para morar. No local é possível ver muito lixo, em sua maioria garrafas de vidros que são cortadas e vendidas pelos moradores nos semáforos.

Carcaça de TV e outros objetos se misturam as cinzas que comprovam a queima irregular de lixo. (Foto: Paulo Francis)
Carcaça de TV e outros objetos se misturam as cinzas que comprovam a queima irregular de lixo. (Foto: Paulo Francis)

Conveniências

A mais antiga moradora do local improvisado, Rodslene, conhecida por todos como “rodinha”, confirma que as garrafas acumuladas são usadas como “fonte de renda” para quem mora no local, mas que os responsáveis pelo descarte irregular são proprietários de conveniências que despejam os objetos no local sem a permissão de ninguém.

“O povo acha que a gente que sai catando essas garrafas e sai jogando por aí. Até a guarda veio aqui pra tentar tirar a gente por conta do lixo, mas são os donos de bar e conveniência que jogam. Na verdade a gente tá fazendo um favor com a reciclagem, pegamos as garrafas cortamos e vendemos. O lixo que muitos jogam acaba voltando pra casa deles em forma de copo e eles nem percebem”, diz Rodinha.

Sobre o amontoado de lixo que toma conta do barranco e depois cai no córrego, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) garante que  prefeitura realiza fiscalizações em todas as regiões urbanas para coibir a ação, mas também conta com o auxílio da população para identificar os infratores.

Garrafas que são cortadas e vendidas em semáforo por pessoas que moram às margens do córrego (Foto: Paulo Francis)
Garrafas que são cortadas e vendidas em semáforo por pessoas que moram às margens do córrego (Foto: Paulo Francis)


O cidadão que for flagrado realizando o descarte irregular de resíduos responderá por crime ambiental e poderá ser multado administrativamente, conforme o Código de Polícia Administrativa, Lei 2909/92, do município de Campo Grande. A multa neste caso varia entre R$ 2.478,50 e R$ 9.914,00.

Denúncias – Ao flagrar um descarte irregular de resíduos em terrenos baldios, margens ou córregos, você pode denunciar à Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana pelo telefone 153 e nos casos em que configurar a má conservação dos terrenos baldios as denúncias devem ser direcionadas à Semadur pelo telefone 156.

Amontoado de lixo jogado no barranco acaba dentro do córrego (Foto: Paulo Francis)
Amontoado de lixo jogado no barranco acaba dentro do córrego (Foto: Paulo Francis)


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