Ainda tem o que entregar sobre Michel Temer em delação, diz Funaro
O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, preso na Papuda, em Brasília, disse nesta quarta (16) que "ainda tem" o que entregar sobre o presidente Michel Temer caso feche um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Réu em uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimento em desvios no fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS), Funaro acompanhou uma audiência do processo.
Ao sair, escoltado, o corretor foi abordado por jornalistas que perguntaram se ainda tem o que entregar aos procuradores envolvendo o presidente. "Ainda tem", respondeu, ao entrar no elevador do prédio da Justiça Federal.
Funaro não deu detalhes sobre o acordo de colaboração que negocia. Disse apenas que há "uma diferença muito grande" entre o que a PGR ofereceu como benefícios e o que ele desejava obter.
Por essa razão, segundo ele, o acordo estaria longe de ser fechado. Questionado sobre o conteúdo, Funaro disse que não poderia comentar. O presidente Temer tem negado ter cometido crimes
DENÚNCIA
Funaro é figura central na delação da JBS que atingiu o governo Temer. O presidente foi gravado no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março por Joesley Batista, um dos donos do frigorífico.
No diálogo, segundo a investigação da PGR, Joesley diz a Temer que está pagando propina para manter em silêncio Funaro e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estão presos. Temer, então, dá aval aos pagamentos, conforme a investigação.
A expectativa é que essa parte da delação da JBS gere uma segunda denúncia da PGR contra Temer. A primeira, sob acusação de corrupção passiva, foi suspensa pela Câmara dos Deputados no início deste mês.
Funaro é apontado como o operador financeiro do grupo político chamado de "PMDB da Câmara", que, segundo diferentes investigações, atuou na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, banco que administra o FI-FGTS.
Além da ação em que é réu na Justiça Federal, junto com Cunha, Funaro é alvo da PGR em um inquérito que apura suposta formação de organização criminosa por membros do PMDB da Câmara, o chamado "quadrilhão".