Câmara será mais dura com Bernal; Mario Cesar já fala em "vias de fato"
O presidente da Câmara de Campo Grande, Mario Cesar (PMDB), afirmou nesta terça-feira (16) que o Legislativo vai fazer balanço da atuação do primeiro semestre e voltar para o segundo período em condições de cobrar mais duramente irregularidades que estariam sendo cometidas pelo prefeito Alcides Bernal (PP). Segundo ele, não teria havido omissão quanto às suspeitas detectadas no primeiro semestre, não servindo para a Câmara da Capital o puxão de orelha do corregedor-geral do Ministério Público, Mauri Valentim Riciotti.
Mario Cesar deixou evidenciado que, no segundo semestre, a Câmara vai “tomar providências a mais” já munida com todas as denúncias e apurações feitas até agora. “Até mesmo porque para chegar às vias de fato é preciso respaldo técnico, jurídico e julgamento na Casa”, disse o presidente da Câmara. Em termos jurídicos, “vias de fato” significa “contato físico violento”, mas a frase pode ser traduzida também como “pancadaria”.
Do ponto de vista político, a posição manifestada pelo presidente da Câmara é a mais forte já feita em relação ao prefeito Alcides Bernal, só comparável à clara possibilidade de “cassação” aventada pela vereadora Grazielle Machado (PR), quando concluiu o relatório sobre as explicações dos secretários Vanderlei Ben-Hur (Planejamento, Finanças e Controle) e Gustavo Freire (Receita e Governo) quanto às suplementações de verbas orçamentárias.
Apesar da ênfase dada por Mario Cesar quanto à possibilidade de punição para Bernal em relação a problemas que vem sendo levantados pela Câmara, como calote de fornecedores e contratação de empresas de fachada para compras milionárias, Mario Cesar adverte que é preciso levar em conta a vontade popular. “Além disso, tem de haver preocupação com o que a população quer”, ponderou.
Durante o recesso parlamentar de julho, que está começando esta semana e prossegue até o final do mês, segundo Mario Cesar, todos os encaminhamentos para que as falhas e irregularidades apuradas sejam encaminhadas para o Ministério Público e o Tribunal de Contas, bem como resultem em providências da própria Câmara, se for o caso.
O corregedor do MP, Mauri Valentim, sustenta que as Câmaras podem incorrer em omissão caso não abram processos para apurar irregularidades de prefeitos. Mario Cesar garante que a Câmara está cumprindo seu papel fiscalizador. “Não há omissão por parte dos vereadores. Houve apenas mudança comportamental geral, porque estavam dizendo que a Câmara estava levantando um terceiro turno eleitoral. Chegaram a citar que a Câmara comporia um Triângulo das Bermudas. Aí os vereadores optaram por não queimar etapas”, argumentou.
Era preciso dosar a atuação, conforme o dirigente. "Fizemos isso para não ir direto ao remédio mais duro e para quebrar a concepção de que estaríamos urgindo um golpe", declarou Mario Cesar. "Também sempre estivemos preocupados com a governabilidade de Campo Grande", finalizou.