Centralização de Bernal causa insatisfação de recém-cooptados
A forma centralizadora adotada pelo prefeito Alcides Bernal (PP) de administrar a Prefeitura de Campo Grande não desagradou apenas o secretário municipal de Governo, Pedro Chaves, que anunciou a intenção de pedir demissão após concluir a “missão” de construir a governabilidade. Vereadores recém cooptados pelos articuladores políticos de Bernal têm se queixado com outros colegas da falta de autonomia que seus indicados estão enfrentando na condução das pastas.
Com a posse de Jean Saliba na Agência Municipal de Trânsito (Agetran), de Lilian Maksoud no Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) e de Dirceu Peters na Emha (Agência Municipal de Habitação), Bernal conquistou, respectivamente, o apoio dos vereadores Edson Shimabukuru (PTB), Jamal Salém (PR) e Paulo Pedra (PDT).
Bernal tem nomeado indicados pelos vereadores como secretários, mas limitado a atuação deles e não atendendo pedidos de nomeação até mesmo de assessores diretos. Caso essa situação perdure, há o risco dessa insatisfação se transformar em rebelião, com esses vereadores entregando os cargos e voltando para a oposição.
Um dos mais insatisfeitos seria o vereador petebista Edson Shimabukuru, que esperava ter condições de implantar uma política diferente na gestão do trânsito da Capital e nomear mais aliados para a Agetran. “Nós vamos ter autonomia (na direção da Agetran) e vamos indicar pelo menos mais cinco técnicos altamente qualificados para ajudar”, disse Shimabukuru, antes da posse de Saliba, em solenidade comandada por Bernal, no dia 30 de dezembro, para empossar os indicados dos vereadores.
Passados 25 dias, a promessa de Bernal não está sendo cumprida. Pelo menos é o que informou o vereador Airton Saraiva (DEM), que lidera a bancada oposicionista na Câmara de Campo Grande. “O presidente da Agetran não consegue falar com ele (Alcides Bernal) há 20 dias e não permitiu que nomeasse ninguém. Ou seja, não cumpre o que fala”, afirmou Saraiva.
Jamal Salém também tem deixado evidente seu descontentamento, especialmente por não ter conseguido promover mudanças na Secretaria Municipal de Saúde. Havia a expectativa de demissões que não se confirmaram. O secretário municipal de Governo, Pedro Chaves, chegou a admitir que as principais pastas da administração, como as secretarias de Saúde e de Educação, são da “cota pessoal” do prefeito, inatingíveis por negociações políticas com os vereadores.
A aliados Jamal tem declarado que a resistência do prefeito em partilhar o poder pode voltar a trazer dor de cabeça para ele no futuro. “Não cede agora e mais para frente pode ficar bem mais caro”, teria afirmado Jamal, segundo um médico que conversou com o vereador. Além disso, publicamente Jamal afirma que continua na oposição e que não se sente contemplado com a indicação de Lillian Maksoud, prima do vereador Paulo Siufi (PMDB), para a o IMPCG.